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Entre as mais de 50 modalidades dos Jogos Pan-Americanos, uma que não está no programa de Santiago 2023 está sendo muito praticada na capital chilena nos últimos dias: a política. O Brasil entrou no jogo há alguns dias, quando São Paulo formalizou uma carta de intenção assinada pelo prefeito Ricardo Nunes na qual se coloca à disposição da Panam Sports para receber o Pan de 2031.
Patrocinadora da Casa Brasil tanto em Santiago quanto em Paris, sede dos Jogos Olímpicos de 2024, a capital paulista aproveitou o evento de abertura do local organizado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) para anunciar o “desejo” --palavra usada pelos secretários presentes na festa-- de ser novamente a capital esportiva das Américas daqui a oito anos.
Vai depender de muita coisa ainda, mas do que for possível, do que depender de São Paulo, nós estamos “listos”, como dizem em espanhol - afirmou a secretária municipal de Relações Internacionais, Marta Suplicy, na noite desta quinta-feira, em Santiago.
Esse esporte disputado fora de quadras, pistas e piscinas, no entanto, já está sendo jogado há alguns meses. São Paulo entrou em campo agora, mas a Panam Sports já está pressionando a cidade colombiana de Barranquilla há mais tempo, e a marcação alta chegou ao ápice na Assembleia Geral, que reuniu os 41 comitês olímpicos das Américas nesta semana em Santiago.
Barranquilla é a cidade escolhida para ser sede dos Jogos em 2027. Porém, não pagou duas parcelas de US$ 4 milhões (aproximadamente R$ 45 milhões, no total) como garantia aos donos do Pan. A disputa é interna, entre o governo federal da Colômbia e a cidade. No próximo dia 29 de outubro, há eleições municipais, e o favorito a vencer em Barranquilla é Alejandro Char, de partido de oposição ao presidente Gustavo Petro.
O ge apurou que a disputa política colombiana pode, sim, atrapalhar os planos de Barranquilla 2027, que ainda não foi anunciada oficialmente como sede dos próximos Jogos. Dezembro é a data limite para essa definição, mas o período do Pan de Santiago, que acaba em 5 de novembro, é fundamental nessa negociação. E São Paulo sabe disso. Assim como já se coloca como possível substituta, mesmo sabendo que outras cidades que já organizaram um Pan entraram antes na fila de espera, caso os colombianos saiam da jogada.
Nos bastidores, a boa relação entre o governo paulistano com o federal é tido como um trunfo brasileiro, mesmo sem o envolvimento formal do COB. Além de Marta Suplicy, estavam presentes no evento de abertura da Casa Brasil em Santiago o secretário de Esportes e Lazer da capital paulista, Cacá Vianna, e o ministro do Esporte, André Fufuca. Entretanto, São Paulo também passará por eleições municipais no ano que vem.
Questionada pelo ge sobre a possibilidade de São Paulo receber o Pan de 2027, a secretária municipal de Relações Internacionais se mostrou surpresa, mas também otimista.
- Uau. Essa é minha resposta. Certamente nós avaliaremos. São Paulo é muito organizada, tem uma infraestrutura extraordinária, então se a gente tiver essa possibilidade, estamos lá. A gente se esforça, é importante. Nós estamos cumprindo o cronograma, estamos dispostos a antecipar se for necessário. Não, não é uma candidatura oficial. É um desejo, nós gostaríamos, mas não é oficial - respondeu Marta Suplicy.
