Ministro da Defesa afirma que embarcação com ativistas será barrada; missão internacional tenta denunciar crise humanitária no enclave palestino
O governo de Israel anunciou que impedirá a chegada de uma embarcação humanitária com destino à Faixa de Gaza, a bordo da qual está a ativista sueca Greta Thunberg e o ativista brasileiro Thiago Ávila. A declaração foi feita neste domingo (8) pelo ministro da Defesa, Israel Katz, que reforçou a intenção de manter o bloqueio naval imposto ao território palestino. As informações são da agência Associated Press.
A embarcação Madleen, operada pela Freedom Flotilla Coalition, partiu da Sicília, na Itália, no último domingo com 12 ativistas de diferentes nacionalidades. O grupo pretende entregar ajuda humanitária ao enclave e, principalmente, chamar atenção internacional para a grave situação vivida pela população local.
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A missão enfrentou interferências técnicas ao longo do trajeto. Em uma publicação no Instagram, o grupo relatou problemas com os radares da embarcação. “De acordo com o nosso rastreador, não estamos mais a 162 milhas de Gaza, que é onde de fato estamos. Ele diz que estamos no Aeroporto da Jordânia”, relatou o ativista brasileiro Thiago Ávila em vídeo. “Nós sabemos o que isso significa, quando eles começam a bloquear a nossa comunicação. Significa que eles estão se preparando para uma interceptação ou um ataque”, completou.
Entre os participantes da missão estão ainda a eurodeputada Rima Hassan, descendente de palestinos e crítica das políticas israelenses, que foi proibida de entrar em Israel; e o ator Liam Cunningham, conhecido por seu papel na série Game of Thrones.
Durante uma coletiva de imprensa antes da partida do navio, Greta Thunberg criticou a inação da comunidade internacional. Segundo ela, o “silêncio mundial diante da situação [em Gaza] equivale a ‘um genocídio transmitido ao vivo’”.
A ofensiva de Israel contra Gaza, intensificada após o início da guerra com o Hamas, devastou vastas regiões do território, deslocando cerca de 90% da população e tornando-a quase totalmente dependente de ajuda internacional. Após três meses de bloqueio total, Israel voltou a permitir a entrada de ajuda básica no mês passado, mas organizações humanitárias alertam que a crise continua crítica e o risco de fome em massa é crescente.
No mês passado, uma tentativa semelhante da Freedom Flotilla foi interrompida depois que uma das embarcações do grupo foi atingida por dois drones em águas internacionais, perto de Malta. O grupo atribuiu o ataque a Israel, que não se pronunciou oficialmente sobre o incidente. A embarcação teve a parte dianteira danificada e não conseguiu prosseguir.
A nova tentativa agora se vê ameaçada novamente, com o governo israelense prometendo impedir qualquer esforço para romper o bloqueio naval, mesmo sob alegações de caráter humanitário.
