Uma temporada perdida': crise econômica esvazia um dos principais destinos turísticos da Argentina

Com uma inflação anual de 211% e forte desvalorização salarial, Mar del Plata já recebeu seis vezes mais turistas

Trânsito livre e cidade quase vazia: esse é o panorama de Mar del Plata, principal destino de verão dos argentinos. Com uma inflação anual de 211% e forte desvalorização salarial, a temporada “está perdida” para os comerciantes e é “uma tristeza” para os turistas.

Há quase 80 anos, Mar del Plata recebe normalmente seis vezes mais turistas que seus 650 mil habitantes entre o Natal e fevereiro. Mas neste verão tinha apenas 60% de ocupação na primeira quinzena de janeiro, segundo a Associação Empresarial Hoteleira Gastronômica (AEHG) da cidade.

“Outro país”

Os argentinos sofriam uma inflação de 12% em novembro e de 25% em dezembro, chegando a um total de 211% interanual, a maior desde junho de 1991.

O golpe final foi uma desvalorização do peso de mais de 50% no meio de dezembro, nos primeiros dias do governo do presidente Javier Milei, que precipitou a inflação e contraiu os salários em 20%, de acordo com um relatório da Central de Trabalhadores da Argentina. Esta disparada de preços coincide com a temporada de férias no cone sul.

Agora, em um país onde o salário mínimo é de 156 mil pesos (R$ 946, na cotação oficial), só a passagem de ônibus de ida e volta de Buenos Aires custa 80 mil pesos (R$ 485), uma noite para dois em um hotel de categoria média, 50 mil pesos (R$ 303), e um jantar em um restaurante, 13 mil pesos (R$ 79). Por isso, comerciantes como José María Mendiola estão com apenas metade das tendas que aluga no balneário ocupadas.

Argentinos vão se foder ainda mais daqui pra frente, só se o Trump ganhar e mijar lá pra aliviar