CARA DE UM... Após queimar largada, Terra e Paixão vira máquina de cópia para segurar ibope

Walcyr Carrasco já admitiu que é um autor que não gosta de guardar cartas na manga. Ele, junto de Thelma Guedes, queimou boa parte da sinopse original de Terra e Paixão para devolver o horário nobre da Globo a um patamar de audiência que não se via desde Pantanal (2022). Os novelistas, porém, agora se veem numa “sinuca de bico” --reinventando a própria história com pouquíssima frente de capítulos.

Uma das soluções de Carrasco, que já deu certo em outras oportunidades, é o autoplágio. O novelista repete tramas testadas anteriormente, adicionando alguns novos elementos para dar algum frescor à narrativa --a exemplo da busca por diamantes na terra de Aline (Barbara Reis).

O arco narrativo remete imediatamente a O Outro Lado do Paraíso (2019), em que Sophia (Marieta Severo) também estava de olho nas terras da protagonista por causa de pedras preciosas. Clara (Bianca Bin), no entanto, estava sentada em cima de uma mina de esmeraldas.

O Outro Lado do Paraíso, com o perdão do trocadilho, realmente parece uma mina cheia para Carrasco dar um novo rumo a Terra e Paixão. O drama de Petra (Debora Ozório) remete imediatamente ao de Laura (Bella Piero), cujo trauma foi causado justamente por um abuso na infância.

O pajé Jurecê (Daniel Munduruku) parece uma colagem de personagens de outros folhetins, como a sensitiva Mercedes (Fernanda Montenegro) com um quê da Serena (Priscila Fantin) de Alma Gêmea (2006). Os dois indígenas da ficção, curiosamente, são do mesmo povo --os terena.

Amuleto de proteção
Nos últimos capítulos, Carrasco resolveu retomar uma trama que tinha ficado esquecida --como tantas outras-- na sinopse original. Caio (Cauã Reymond) se aproximou de Iraê (Suyane Moreira) ao relembrar que passou boa parte de sua infância na aldeia –até que um acidente que quase o matou tirou Antônio (Tony Ramos) do sério.

O filho de Agatha (Eliane Giardini) também deveria encontrar um amuleto que ganhou de um dos indígenas depois que quase se afogou. O telespectador mais atento talvez tenha se lembrado de outros dois protagonistas da ficção que também sofreram de amnésia após serem salvos do afogamento --e ganharam igualmente um patuá.

Ruy (Fiuk) e Zeca (Marco Pigossi) tiveram justamente o mesmo arco narrativo em A Força do Querer (2017), de Gloria Perez. A trama chegou a ser reprisada por causa da pandemia de Covid-19.

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