Record e Igreja Universal afastam diretor de RH acusado de assediar sexualmente jornalista

A Igreja Universal do Reino de Deus e a Record afastaram o diretor de Recursos Humanos da emissora, Márcio Santos, de suas funções. A medida é válida enquanto a polícia civil investiga a acusação de assédio sexual feita por Elian Matte, editor de programas apresentados pelo jornalista Roberto Cabrini.

O afastamento da IURD se deu porque a igreja não permite a presença de funcionários ou voluntários investigados pela polícia em seus quadros.

Já a Record o afastou por entender que as denúncias são robustas e que a entrada da polícia deixa a TV em uma posição difícil.

Procurada pelo F5, a Igreja Universal confirmou o afastamento em nota. A congregação afirmou que Márcio Santos só tem funções como voluntário. Como não pode controlar a vida privada de fiéis, ele poderá, se quiser, frequentar cultos.

“Desde que soube do ocorrido, a Igreja o afastou da missão de voluntário, até que as investigações sejam concluídas”, diz trecho da nota (a íntegra está no fim desta reportagem). A Record, também procurada, não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.

A polícia civil de São Paulo abriu inquérito para investigar o caso na última sexta-feira (24). Márcio Santos, além de outras testemunhas, têm depoimentos marcados para esta semana.

O caso de assédio foi revelado pela revista Piauí. Elian Matte diz que as investidas começaram há cerca de um ano, após ser transferido para a equipe de Cabrini, e que Santos passou a convidá-lo para reuniões em sua sala. Na terceira delas, em novembro de 2022, o diretor de RH teria feito perguntas pessoais ao repórter, indo além de assuntos profissionais.

A partir disso, a conversa teria migrado para o WhatsApp. De acordo com Matte, Santos insistia para que os dois se encontrassem foram dali, com mensagens de cunho sexual. Prints das conversas de WhatsApp foram anexados pelo repórter no boletim de ocorrência.

Matte alega também que Santos lhe assistia através do sistema de câmeras do circuito interno, ao qual os diretores têm acesso por meio de um aplicativo de celular.

O jornalista, então, disse ter buscado ajuda psicológica. Foi diagnosticado com burnout pela equipe médica da própria Record. Ainda segudno a Piauí, a médica teria mudado o laudo do atestado pouco tempo depois e admitiu ter agido assim desta maneira por receio de ser demitida. Ela prestará depoimento nesta semana à polícia, segundo apurou o F5.

Neste meio tempo, Matte também diz ter feito denúncias à Record. Ele pediu uma reunião com Antonio Guerreiro, o vice-presidente de Jornalismo, na qual teria relatado estar sofrendo assédio sexual, sem citar o nome de Santos. Enviou também um email para Luiz Claudio da Silva Costa, presidente da emissora, que disse nunca ter sido respondido.

Em uma terceira tentativa de denúncia, ele teria citado nominalmente o suposto assediador em e-mail enviado para Silva Costa, com cópia para Marcus Vieira, o CEO do Grupo Record. Dias depois, foi chamado para uma reunião com Edinomar Galter, diretor jurídico da Record, na qual recebeu a orientação de fazer um BO, esquecer o que aconteceu e focar no trabalho.

Hoje, Matte está afastado pelo INSS por “esforço excessivo”. Márcio Santos diz que tudo não passou de “brincadeiras” e afirmou ser vítima de uma mentira. Procurada pelo F5, a Record não se posicionou sobre o caso até a publicação desta reportagem.

Neste sábado (25), após a repercussão do caso, Matte publicou um print de sua conversa com Roberto Cabrini no WhatsApp. Nela, o jornalista presta apoio ao repórter.

“Tomei conhecimento estarrecido das situações que enfrentou. Siga firme na busca por seus sonhos e que jamais venha a passar por experiências desse tipo. Fique bem e volte logo a fazer o que ama”, afirmou Cabrini nas mensagens.

Leia na íntegra a nota de afastamento de Márcio Santos da Igreja Universal:

"A Igreja Universal do Reino de Deus jamais impedirá qualquer pessoa de entrar em um de seus templos espalhados pelo país e participar dos cultos.

Contudo, vale reforçar que o vínculo do Sr. Márcio com a Universal era simplesmente de voluntário. Não tendo a Universal, assim, controle da vida privada de qualquer um dos milhares de voluntários que tem — inclusive, nenhuma igreja possui essa condição, autonomia ou responsabilidade.

Mas, desde que soube do ocorrido, a Igreja o afastou da missão de voluntário, até que as investigações sejam concluídas".

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