No Palácio do Planalto, ninguém contesta o óbvio: Cláudio Castro ganhou o primeiro round da guerra da segurança pública em termos de resposta da opinião pública. As pesquisas são unânimes nesta direção.
Mas no governo federal a aposta é de médio prazo. Primeiro, há a confiança de que, com o tempo, o desgaste virá para o governo do Rio de Janeiro. Diz um ministro:
— É só o tempo de ficar claro que o Comando Vermelho não foi atingido em sua força, apesar de mais de uma centena de mortos.
Um petista graúdo complementa:
— As investigações sobre as mortes poderão trazer surpresas ruins para o governador.
O Planalto avalia que deu uma resposta rápida com o projeto de lei antifacção, enviado ao Congresso na sexta-feira. E, em termos de legislação, a PEC da Segurança Pública, que pode ser votada no mês que vem, será outro estandarte que o governo poderá carregar.
Mas sobretudo a aposta é na ação da PF fazer uma versão Rio de Janeiro da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto contra o PCC.
Um ministro com assento no Palácio do Planalto revela:
— A PF e a Receita vão atacar o ‘andar de cima’. Aliás, já estão trabalhando nisso.
O investimento do governo Lula é todo na PF e na Receita para virar o jogo num segundo round
Que notícia boa de ler em um momento que o caos e a barbárie parecem estar fazendo contexto no dia a dia do brasileiro. Ter pessoas sensatas no poder, que entendem como funciona os alicerces e tenham projetos para atingir esse objetivo de desmantelar do topo e agindo no timing certo para não estar de fora do debate público que se abriu para a política de segurança pública é extremamente animador diante desse cenário.
O governo foi ágil, assertivo e extremamente perspicaz nesse momento que abre uma frente para se debater o que realmente importa numa configuração de poder tão organizado como é o tráfico.
Só espero que por enquanto o governo não critique de forma efetiva a ação no Rio, é preciso ser cauteloso agora e agir estrategicamente. Acredito que o desastre da operação vai ficar claro nos relatórios que serão realizados pela perícia técnica e inteligência e que a própria leitura feita pela mídia chegue a conclusão do desastre que foi essa operação do ponto de vista efetivo do assunto que é desmantelar e enfraquecer o crime organizado.
isso é ótimo, mas desconfio que as investigações realmente cheguem no barões da droga e desarticulem os grandes esquemas de corrupção pq envolvem gente de muito poder no judiciário, política, mercado e polícia. ainda precisa de investimento nas áreas controladas pelo tráfico, como foi feito em medellin. parece que nenhum lado tá priorizando a melhoria de vida da população das favelas, que é essencial.