Secretário de Educação de SP é investigado por conflito de interesses em contrato de notebooks
Renato Feder, que trocou livros didáticos por slides, é um dos proprietários da Multilaser, que mantém contratos de R$ 200 milhões com a secretaria da Educação para venda de 97 mil notebooks para a rede pública estadual
A Procuradoria Geral de Justiça apura suspeita de conflito de interesse entre o secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, e a pasta que ele comanda. Feder é sócio de uma offshore dona de 28,16% das ações da Multilaser, empresa que mantém contratos de R$ 200 milhões com a sua pasta, o que motivou a investigação. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.
A investigação foi aberta em março pela Promotoria da Cidadania. O caso foi repassado ao procurador-geral de Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, a quem compete processar autoridades com foro privilegiado como secretários de Estado.
Conforme mostrou o Estadão, Feder está no centro de uma polêmica por descartar o uso de livros didáticos pelas escolas públicas de São Paulo. Ele abriu mão de 10 milhões de exemplares para os alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) no ano que vem para usar apenas material digital. O ensino médio também deixará de ter livros impressos. “A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”, justificou.
Feder é acionista da Dragon Gem LLC, com sede no estado americano de Delaware, conhecido paraíso fiscal. Os contratos de sua pasta com a Multilaser foram assinados em dezembro de 2022 pela secretaria, após a eleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo, mas antes de ele tomar posse como secretário. O último contrato, de R$ 76 milhões, foi assinado no dia 21 de dezembro de 2022, quando ele já havia sido anunciado para o cargo.