De brinquedo a roupa, exportações para os EUA são suspensas, com risco de faltar produtos nas prateleiras

Apesar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado uma pausa de 90 dias no aumento das tarifas impostas a seus parceiros comerciais, exportadores ainda enfrentam a incerteza sobre a possível retomada de uma tarifa universal de 10% caso os acordos comerciais não avancem como o governo espera.

Enquanto isso, a lista de empresas — da Europa à Ásia — que estão interrompendo o envio de mercadorias aos EUA continua crescendo. Produtos que vão de carros a brinquedos deixam de chegar ao mercado americano, o que pode fazer com que consumidores encontrem prateleiras vazias, mesmo com produtos se acumulando em portos.

A seguir, veja o que pode começar a faltar nas lojas americanas, à medida que empresas reavaliam os custos adicionais das tarifas e consideram reduzir sua exposição ao mercado dos EUA:

Joias da Índia

A pausa de 90 dias deu um breve alívio aos exportadores indianos de pedras preciosas e joias, mas ainda assim se espera uma desaceleração de sua atividade nas próximas seis semanas. Isso porque comerciantes anteciparam embarques aos EUA para tentar escapar das tarifas.

Mesmo a tarifa universal de 10% — bem abaixo dos 26% inicialmente previstos para a Índia — deve afetar produtos como diamantes, que operam com margens entre 3% e 5%, segundo o Financial Express, que cita Kirit Bhansali, presidente do Conselho de Promoção de Exportações de Ouro e Joias.

Roupas fabricadas em Bangladesh

Produtores têxteis de Bangladesh relatam que compradores dos EUA suspenderam pedidos devido às tarifas, fixadas em 37% para o país. O setor têxtil representa 80% das exportações de Bangladesh.

Mohammad Mushfiqur Rahman, diretor da Essensor Footwear and Leather Products, disse à AFP que um pedido de bolsas, cintos e carteiras no valor de US$ 300 mil foi cancelado por um comprador no dia 6 de abril.

Brinquedos e decorações de Natal

A varejista Five Below, que vende brinquedos, roupas e artigos para o lar, suspendeu os embarques da China, de acordo com uma carta enviada pela gigante do transporte marítimo A.P. Moller-Maersk, em nome da empresa, a seus fornecedores.

Segundo o documento, a partir de 10 de abril não devem ser entregues contêineres ao terminal, e os que já foram carregados devem ser descarregados e devolvidos à transportadora. A carta não especifica quais produtos estão envolvidos.

Decorações e enfeites natalinos também podem ser afetados. Segundo a Reuters, fabricantes chineses desses produtos afirmaram não ter recebido pedidos de clientes americanos — que normalmente são finalizados até meados de abril.

Notebooks

A fabricante de eletrônicos Framework anunciou, no início de abril, a suspensão das vendas de alguns modelos de notebooks nos EUA. Após a implementação das tarifas no dia 5, a empresa informou que não venderá algumas versões básicas do Framework 13, como os modelos Ultra 5 125H e Ryzen 5 7640U.

A Razer, outra fabricante, interrompeu todas as vendas para os EUA. Links que antes levavam à compra de notebooks e acessórios no site americano da empresa agora mostram a mensagem “Notifique-me”, convidando usuários a se cadastrarem para receber atualizações por e-mail.

Ursinhos carinhosos e caminhões de brinquedo

A Basic Fun, fabricante de brinquedos como os Ursinhos carinhosos, Lincoln Logs e caminhões Tonka, também suspendeu o envio de produtos fabricados na China. O CEO da empresa, Jay Foreman, disse à imprensa americana que “não pode correr o risco de colocar qualquer produto no mar que possa estar sujeito às tarifas implementadas e ameaçadas pelo presidente”.

Relógios suíços

Fabricantes suíços como Audemars Piguet, Breitling e Rolex também pausaram exportações após Trump impor uma tarifa de 31% sobre produtos da Suíça.

Carros e SUVs

A Mitsubishi é mais uma montadora que suspendeu entregas, aguardando mais clareza sobre a política tarifária. A montadora japonesa mantém veículos exportados nos portos dos EUA em vez de enviá-los às concessionárias.

A Audi também interrompeu os envios, mantendo nos portos os veículos que chegaram após 2 de abril. A marca de luxo orientou seus revendedores a focarem no estoque existente, de cerca de 37 mil carros, o que deve durar aproximadamente dois meses, segundo a mídia alemã.

A Jaguar Land Rover informou que pausará as exportações em abril para lidar com as novas regras comerciais. A japonesa Nissan também anunciou que deixará de vender dois modelos de SUVs da Infiniti fabricados no México para o mercado americano.

A Bloomberg News informou que a Mercedes-Benz considera retirar seus modelos mais baratos dos EUA, pois as novas tarifas os tornariam inviáveis comercialmente.

Consoles de videogame

A tarifa de importação, mais alta do que o esperado, levou a Nintendo, do Japão, a adiar a pré-venda do tão aguardado console Switch 2 nos EUA. Apesar da data de lançamento, 5 de junho, estar mantida, as pré-vendas não começaram em 9 de abril como planejado. A empresa anunciará uma nova data após avaliar os impactos das tarifas e as condições de mercado.

Uísque japonês

Os premiados uísques japoneses também podem desaparecer das prateleiras americanas, caso a Suntory Holdings decida redirecionar seus produtos ao Japão e a outros mercados asiáticos, uma vez que as tarifas de Trump os tornem caros demais para o consumidor dos EUA.

“Se os preços do Hibiki e do Yamazaki ficarem altos demais para os consumidores americanos, temos a opção de simplesmente mudar o mercado-alvo”, disse o presidente da Suntory, Nobuhiro Torii, em entrevista. Ele afirmou que a demanda continua forte em outras regiões, como a Ásia e o próprio Japão.

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