Com justiça não voltava nem nas campeãs
Quais as maiores quebra de expectativa da década?
2020: Mangueira (?)
2022: Viradouro
2023: Grande Rio
2024: Salgueiro
2025: BF ou Viradouro
A Estação Primeira de Mangueira vem em 2025 com cerca de 3 mil componentes em 27 alas. A Verde e Rosa virá com cinco carros alegóricos, dois tripés, e um pede passagem, além do elemento alegórico da comissão de frente. Sidnei França, ao CARNAVALESCO, fez a setorização do desfile da escola.Carnavalesco merchandise
Setor 1: O mistério das kalungas ancestrais
“O primeiro setor é encerrado pelo carro abre-alas, toda a abertura do desfile, fala muito sobre a aventura Atlântica, que é chamado no contexto antropológico, o entender o Oceano Atlântico não só como uma rota, porque às vezes comparam o Atlântico na travessia diaspórica mais ou menos como a Dutra que liga Rio e São Paulo. Tenho em uma ponta África e tenho a superfície do mar, só que existe uma profundeza do Oceano Atlântico que guarda corpos que se lançaram ao mar ou foram lançados ao mar. Pensar o Atlântico como um local de mistério, é por isso que o samba da Mangueira canta “mistério das kalungas ancestrais que o tempo revelou no cais”, ou seja, nesse mistério, entende-se o Atlântico como uma grande kalunga, um grande depósito de almas, que algumas se lançaram, tendo muito relato de preto escravizado que se rebelou, resistiu à escravização e se lançou ao mar, porque o povo bantu não acredita na morte como um fim. Para ele é assim, se eu me lançar aqui, eu vou renascer em África e vou retomar meu elo com os meus ancestrais, porque a morte para o banto não é ausência da vida, é ausência da identidade, é quando você apaga a história dele, como a escravização faz, para ele isso é a morte e não se lançar ao mar. Para ele é um ato de resistência, tanto que os pretos eram presos nos tumbeiros para não se jogar no mar. O que a frente da escola conta é sobre esses mistérios das kalungas ancestrais que transformou o Atlântico em um grande depósito de histórias e almas que acreditavam no pós-morte e não no fim por ali. É muito bonito pensar resistência dessa forma”.
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Setor 2: Acolhimento e Religiosidade
“Uma vez já no Rio de Janeiro, falando da Pequena África como território de acolhida dos bantos. O segundo setor, fala muito sobre a chegada do preto na cidade do Rio de Janeiro, como ele foi acolhido ou muitas vezes apagado nessa cidade, e também fala principalmente da primeira grande contribuição de sociabilidade preta, que é a religiosidade. A maneira do brasileiro entender a fé é totalmente atravessada pelos bantus. Até porque os Nagô-Iorubá, eles eram mais de Pernambuco e Bahia, muito depois, na fase Tia Ciata, que a Bahia veio aportar no Rio de Janeiro. Esse Rio preto, lá dos séculos XVIII, XIX, de 1700 a 1800, ele não era baiano, era um Rio ainda muito bantu. Não se falava em orixá, era inquice. Orixás vêm com as tias baianas, com os terreiros da Bahia aportando no Rio de Janeiro. Isso é muito para cá, na historicidade. Esse segundo setor fala dessa mescla do carioca como uma figura nativa atravessada pela fé e pelas crenças das inquices, as ervas, os omolocôs, que deu origem a Umbanda. E o segundo carro é o Afrocatolicismo, o encontro das crenças pretas, ancestrais, com a sistematização da fé católica, e coisas que só o Brasil explica e o Rio de Janeiro. Por exemplo, São Jorge. Tem carioca que hoje olha para São Jorge e não sabe se você está falando de algum orixá, se é o santo guerreiro, vira tudo uma coisa só. Isso é um fenômeno muito carioca. Isso vem da tradição bantu diretamente, através dos omolocôs, das tradições bantu que fundaram os terreiros de erva no Rio de Janeiro, as benzedeiras”.
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Setor 3: Resistência - Casa de Zungu
“O terceiro setor avança no tempo, e fala sobre a força da sociabilidade, a presença preta no território carioca. Entra a questão da capoeira, o lundu, as danças, a presença preta nas rodas de jogatinas. Tem muitos relatos de jogatinas no Rio de Janeiro, na Pequena África, carteado, tem essa questão de quebrar com esse entendimento que o preto só trabalhava, trabalhava, trabalhava, trabalhava. Não, ele também se divertia, e ele começou a construir aqui na Pequena África uma cidade à parte. E é o que a gente vai mostrar, como era a Pequena África, nesse terceiro setor. E o terceiro carro que resume essa Pequena África, apresenta o que, eu fiz uma pesquisa, nunca apareceu num desfile de escola de samba do Rio, casas de zungu. Na Pequena África, Santo Cristo, Gamboa, Saúde, Providência, o Valongo, toda essa região que vai desde ali da Praça Mauá até onde hoje é a rodoviária, tinham as casas de zungu, que eram uma espécie de quilombos urbanos. Apesar de chamar casa, era um vilarejo, uma espécie de cortiço, um grupo de casas, e nesse agrupamento de casas, os pretos faziam práticas religiosas, faziam batuques, danças, jogos, tinha benzedeira, era um coletivo de amparo para o preto. Quando na cidade do Rio de Janeiro, um preto fugia do seu senhor, ele já ia para uma Casa de zungu, porque ela tinha acolhida. E se chamava casa de zungu porque servia angu, que era o prato barato que tinha para todo preto fugido e acolhido naquele lugar, e a polícia não entrava, não quebrava, não arrebentava porque ia transformar o preto em herói. Eles preferiam controlar e conviver do que exterminar e ter um levante, porque a cidade era muito preta, tinha muitos pretos. As casas de zungu eram verdadeiras embaixadas negras dentro do Rio de Janeiro. É muito bonito pensar que tinha um local de resistência dentro do Rio de Janeiro. O terceiro carro é uma casa de zungu, uma Casa de Angu, onde as tias pretas ofereciam pratos de Angu para alimentar os pretos fugidos e eles passavam a morar nessas casas de zungu. E como você sabia que ali era uma casa de zungu? Qual era a mensagem? Eles colocavam um pano branco no lençol, algum pano branco na janela, porque era a ligação com Zambi, que é Oxalá. Aqui é um lugar de paz, que vai te acolher. É sempre nós por nós. É bonito pensar nisso e o terceiro carro tem essa questão do pano branco, essa vivência valente das Casas de zungu, tem uma cozinha nesse carro que oferece angu para esses pretos que buscam acolhida nesse local”.
Setor 4: Contribuição Cultural
“O quarto setor fala sobre a contribuição bantu na cultura carioca. O quiabo é um prato trazido pelos bantus. Por isso que hoje tem o ditado quem come quiabo não pega feitiço, isso vem dos bantos, porque o quiabo é um alimento sagrado entre Angola, Congo, Moçambique. São regiões do centro-africano onde os bantus se estabeleceram, e nós vamos mostrar a ala do quiabo. Nesse setor que a gente tem os gurufins. Para o bantu, se alguém morre, não é o fim, você não tem que chorar, você tem que celebrar o tempo que você viveu com aquela pessoa. Por isso que no subúrbio carioca tem os gurufins, que é o vamos beber o defunto, vamos celebrar mesmo, porque ele foi feliz. Não vou chorar meu amigo não, meu irmão. É uma coisa que Zeca Pagodinho traz muito forte, essa prática do gurufim, porque ele quer viver a vida. Chorar tem motivos para chorar. Quando meu irmão morre, claro que é um motivo de abatimento, mas eu preciso tirar força e gastar energia celebrando a vida dele do que lamentando. O próprio Réveillon de Copacabana. Tudo que é carioca, que a gente mal sabe e vem dos bantus, está nesse setor quatro. A cuíca, que é um instrumento, e cuja origem da palavra também é bantu, vem de puita, e nós vamos mostrar um tripé que vem nesse setor, que são as cuícas. Se hoje é um instrumento super importante para as baterias da escola de samba, veio dos bantus. E o carro que fecha, ele é o carro do funk, que fala dos funk cariocas, que também é outra coisa que as pessoas não sabem, mas a batida do funk vem de Angola, não veio para o Brasil, foi para os Estados Unidos, virou beat do funk americano. Mas como o Brasil importou, veio via bantu através dos Estados Unidos, e por isso que o samba fala, meu som por você é criticado, sempre censurado pela burguesia. Esse som criticado é o funk. Antes era o samba, por muito tempo o samba não era assimilado. E depois, quando o samba é assimilado, o funk passa a ser criticado: é coisa de morro, é coisa de preto do morro”.
Setor 5: O legado bantu na figura do cria
“O último setor é quando mostra o legado bantu para a construção do Rio atual, da negritude carioca e principalmente da figura do cria. Toda a visualidade do último setor, eu me baseio no conceito do afrofuturismo, que é pensar no ontem para ressignificar o hoje e reconstruir a possibilidade do amanhã. Toda a estética do último setor é afrofuturista, como visto nas redes sociais, uma fantasia cheia de tomada, que tem uns girassóis. O último setor é todo neste contexto, pensando que a estética africana não é europeia. Você não tem que ficar esperando volutas, arabescos, em uma fantasia. Você tem que pensar a vida como a África enxerga, em uma diversidade de cores e de formas. Na África, um sinal de romance, um namorado não entrega uma rosa, entrega um girassol, o símbolo de chamego e de afeto é o girassol, não é um botão de rosa. Isso é cristão e é religioso, vem da Guerra das Rosas, Inglaterra e França. A gente precisa decolonizar, precisa reutilizar signos que tragam tudo pra dimensão africana para entender um novo Rio de Janeiro, um Rio preto. E esse último setor termina com a figura do cria, como uma possibilidade de um futuro, de um amanhã conectado com a realidade do Rio de Janeiro e não aquele Rio que a gente tenta ser e nunca vai ser porque nós não somos europeus”.
Ia falar Beija-flor 2019 mas ali era uma tragedia anunciada
sidnei disse em entrevista que apostou com a guanayra que se algum dia ganhar título com a mangueira é pra deixar ele reeditar sinhá olimpia kkkkk
babado com o limpa que fizeram aqui
rindo com a previsão de um pai de santo que coloca a imperatriz disputando rebaixamento com a upm
socorro com o bac quase resetando o fórum
fariam um rollback em qual escola?
2011 que diziam que seria o carnaval mais caro
gente to vendendo meus ingressos de arquibancada pro desfile das campeãs setor 6
vcs sabem aonde eu posso divulgar?
eu e meus amigos n vamos conseguir ir mais (sao 3 inteiras e 1 meia)
Meio que não teve uma ideia melhor e jogaram isso de Jornadas
https://x.com/gres_vilaisabel/status/1887146499005362472
@rubi, ta aprovado o enredo da Manga?
pq a grande rio trocou de posição com o salgueiro ?
De todas as loucuras do Gabriel, essa eu defendo com unhas e dentes. Vcs não sabem o PAVOR que eu tenho de desfile de dia
https://x.com/IgorMacesse/status/1887326733696651332?t=ESfqDeiYKwQWBVK4qJmi1A&s=19