O gostinho de “quero mais” deixado pela curtíssima primeira fase de Renascer em 1993 vai ser corrigido no remake que tem estreia prevista para 22 de janeiro. Ao contrário dos cinco míseros capítulos que foram ao ar na versão original, os momentos iniciais da trama agora durarão pouco mais de duas semanas no ar.
Desta vez, Bruno Luperi escreveu 13 capítulos capitaneados pelo “coronelzinho” interpretado por Humberto Carrão. Só depois Marcos Palmeira assumirá o protagonista.
O mais curioso é que a decisão de encurtar a primeira fase nos anos 1990 partiu de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, então todo-poderoso da Globo. De acordo com o livro Telenovela e Representação Social: Benedito Ruy Barbosa e a Representação do Popular na Telenovela Renascer, o executivo considerou a trama tão bem estruturada, com uma primeira fase primorosa e dirigida com maestria por Luiz Fernando Carvalho, que achou melhor torná-la mais curta.
“O início era tão forte que tivemos que reduzir o número de capítulos, pois haveria possibilidade de rejeição da segunda parte da novela”, disse ele em um trecho do livro escrito por Maria Carmem Jacob de Souza.
Só que o tiro saiu pela culatra. Os telespectadores se apaixonaram por José Inocêncio (Leonardo Vieira) e Maria Santa (Patrícia França) nos cinco capítulos iniciais. O público reclamou bastante da morte da jovem e exigiu que os dois voltassem de alguma maneira na segunda fase da novela.
Benedito Ruy Barbosa não atendeu aos apelos dos fãs da novela, mas a Globo resolveu escalar os atores para protagonizarem Sonho Meu (1993) assim que foram liberados de Renascer. Eles voltaram a fazer par romântico na novela das seis no mesmo ano em que a trama das nove estava no ar. Mas a nova dobradinha não repetiu o sucesso de Maria Santa e José Inocêncio.
Nesta nova versão, a morte de Santinha (Duda Santos) vai acontecer no capítulo 11 --uma semana depois da tragédia exibida há 30 anos. No dia seguinte, haverá uma passagem de tempo de dez anos, mas os atores continuarão os mesmos --com exceção das crianças, é claro.
A outra passagem de tempo, de mais 18 anos --aí sim, com a mudança do elenco-- acontecerá no capítulo 13. Há ainda a possibilidade de a direção encurtar ou esticar um pouco a história, mas a ideia é que a trama vá ao ar da maneira que o autor está escrevendo, sem edições radicais.