A presença de Larissa Manoela nas novelas da Globo é apenas um dos coelhos na cartola de Além da Ilusão para fisgar a atenção do público já no primeiro capítulo nesta segunda (7). Mas a autora Alessandra Poggi, diga-se de passagem, precisará de muito mais do que um truque na manga para recuperar a audiência afugentada por Nos Tempos do Imperador (2021).
A escritora assume ao Notícias da TV que não tem a menor intenção de reinventar a roda. Não à toa, buscou na própria memória afetiva as referências necessárias para costurar a “colcha de retalhos” do seu segundo folhetim como titular:
Eu sou uma espectadora de novelas há muitos anos. O que as pessoas chamam de retalhos, eu me refiro como inspiração. Quando a gente cria uma história busca tudo o que já vivenciou. Eu quero que as pessoas se apaixonem junto com os personagens, que suspirem e que se esqueçam um pouco dos problemas que estão no mundo lá fora.
A trama central traz a figura do duplo nas irmãs interpretadas por Larissa. Elas se verão à frente de desafios parecidos, como o amor pelo mesmo homem, mas as diferenças serão fundamentais para o andamento da narrativa. O tema já foi abordado, por exemplo, em clássicos como Mulheres de Areia (1993) e Esplendor (2000).
Elisa é a protagonista da primeira fase, que se passa em meados dos anos 1930. Ela comprará briga com o pai Matias (Antonio Calloni) para viver a paixão proibida por Davi (Rafael Vitti). O mágico voltará sob o disfarce de Rafael para provar que não matou a jovem. A tragédia fará Isadora se fechar para o amor na década de 1940.
Davi (Rafael Vitti) na novela das seis
Além do real
Escapista, Além da Ilusão representa uma quebra em relação a Nos Tempos do Imperador, que foi rejeitada pelo público por ser “real” demais. A antecessora fazia várias referências não só à História do Brasil, mas também a eventos contemporâneos –em que uma epidemia de cólera fez as vezes da pandemia de Covid-19.
Alessandra explica que vários acontecimentos reais vão atravessar a narrativa, mas apenas para dar um colorido a mais aos encontros e desencontros:
A gente viveu um momento muito rico nos anos 1930, com o fim da Era Vargas, os movimentos trabalhistas crescendo. Esses marcos são panos de fundo para ajudar a contar esse folhetim. A nossa função não é explicar o que foi a Segunda Guerra Mundial [1939-1945], pelo contrário. Não tenho a intenção de fazer um documentário de época.
O diretor Luiz Henrique Rios considera que o passado traz um charme a mais para a trama, que poderia se passar em qualquer outra época. A própria trilha sonora vai misturar canções de diversos períodos, mesmo que não dialoguem diretamente com os anos 1930 e 1940:
Eu tenho músicas desde 1920 até 2022. São regravações, muitas produzidas por nós, que ganharam uma roupagem mais atual. A gente não está respeitando o tempo cronológico. O próprio tema de Davi e Elisa é Rosa, uma valsa-choro de Pixinguinha [1897-1973] que ganhou uma versão pelas mãos da Marisa Monte em 1991.