Ex-árbitro alemão revela como 'lia' simulações de Neymar em campo: 'Quanto mais dor, mais deixava seguir'

Felix Brych se aposentou após mais de duas décadas de carreira

Por O Globo — Rio de Janeiro
22/07/2025 06h13 Atualizado há 4 horas


Felix Brych — Foto: Reprodução/X

Um dos nomes mais respeitados da arbitragem internacional, o alemão Felix Brych falou sobre sua experiência apitando jogos de grandes estrelas do futebol mundial. Em entrevista publicada na revista Focus, o ex-árbitro FIFA, que pendurou o apito neste ano após mais de duas décadas de carreira, revelou detalhes de como lidava com Neymar em campo — especialmente quando suspeitava de simulações do craque brasileiro.

— Era praticamente lendário e, com certeza, não era sem razão. Mas eu já estava habituado a ele — afirmou Brych, ao comentar o comportamento do camisa 10 da Seleção em campo.

Conhecido por seu estilo técnico e driblador, Neymar acumulou lances em que sofreu faltas duras, mas também episódios em que foi acusado de exagerar nas quedas. Para árbitros como Brych, diferenciar o que era real e o que era encenação nem sempre foi simples.

— Quanto mais contorcia a cara de dor, mais eu deixava o jogo seguir. Um futebolista que sofre com dores fortes fica imediatamente no chão, não se revira indefinidamente no gramado — explicou o alemão, detalhando seu critério de interpretação.

Além da reação do jogador, Brych também analisava o comportamento ao redor do lance:

— Muitas vezes interpretava a reação dos que me rodeavam para saber se tinha sido ou não falta. Se olhavam primeiro para mim, não podia ser tão grave. Se a preocupação com o colega de equipe ou a reação ao adversário fosse maior, então as coisas eram diferentes.

Segundo ele, a evolução tecnológica também ajudou a combater as simulações.

— Os futebolistas aperfeiçoaram ao longo do tempo a arte de simular, mas agora é mais difícil, desde que surgiu o VAR — completou.

‘Foi como uma libertação’

Aos 49 anos, Brych se despediu dos gramados em 2025, após 858 partidas apitadas ao longo da carreira — sendo 359 na Bundesliga e 69 na Liga dos Campeões. Sobre a decisão de se aposentar, foi direto:

— Tenho de ser sincero. Foi como uma libertação. Uma libertação após 21 anos de desporto profissional.

Brych diz que encerra o ciclo com tranquilidade:

— Deixo para trás um período maravilhoso, que terminou agora com uma decisão consciente. Nos últimos anos, tive de ir até o limite, sempre, e a recuperação tornava-se cada vez mais difícil. Agora posso assistir a um jogo de futebol de forma descontraída — concluiu.

4 curtidas

Sem prestígio