Trio paulista formado por Corinthians, Palmeiras e São Paulo vem na sequência
Lucas Bombana
28.nov.2024 às 16h29
Atualizado: 29.nov.2024 às 16h40
O Flamengo se manteve como o time de maior torcida do Brasil, de acordo com a última pesquisa Datafolha.
Segundo o levantamento, a torcida do atual campeão carioca abarca 19% dos brasileiros. Na pesquisa do ano passado, 21% haviam respondido que eram torcedores do clube, o maior patamar da série histórica iniciada em 1993, na qual o Flamengo sempre se manteve na liderança.
Também desde que começaram as pesquisas, o Corinthians seguiu na segunda posição geral, com 14% das respostas, o que representa uma oscilação de um ponto percentual para baixo em relação ao ano passado.
Palmeiras (7%) e São Paulo (6%) vêm na sequência, com o alviverde se isolando na terceira colocação, após a oscilação de um ponto do time do Morumbi.
Grêmio e Vasco, ambos estáveis com 4% das respostas, completam as primeiras posições das maiores torcidas.
Finalistas da Copa Libertadores, Atlético Mineiro e Botafogo estão empatados na 10ª colocação, juntos com Fluminense e Bahia, com 2% cada.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 5 e 7 de novembro, em 113 municípios brasileiros. A margem de erro para o total da amostra é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 113 municípios pelo Brasil entre os dias 5 e 7.nov; margem de erro para o total da amostra é de 2 p.p., para mais ou para menos
Segundo especialistas, a influência exercida pelas transmissões de TV em âmbito nacional historicamente exerce peso importante a favor da liderança do Flamengo.
No Nordeste, por exemplo, o rubro-negro é o preferido disparado, citado por 25% dos torcedores, seguido pelo Corinthians (8%). Palmeiras e Bahia vêm na sequência empatados em terceiro, com 6% cada.
O mesmo fenômeno se repete no Centro-Oeste e Norte, onde 29% dizem torcer pelo Flamengo, e 11% pelo Corinthians. Os único times das regiões citados são Remo (4%), Paysandu (2%) e Goiás (1%).
“O Norte e o Nordeste têm historicamente muitos torcedores de times do Rio de Janeiro em função das transmissões da Globo, que ficaram concentradas nas equipes cariocas”, afirma Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo.
Qual é o time de futebol de sua preferência?
Região Sudeste
Resposta espontânea e única, em %
- Corinthians - 20%
- Flamengo - 15%
- São Paulo e Palmeiras - 8%
- Cruzeiro - 7%
- Santos e Vasco - 5%
- Atlético-MG - 4%
- Fluminense - 3%
- Botafogo - 2%
- Ponte Preta - 1%
- Outros - 1%
- Nenhum - 21%
Margem de erro de 3 p.p.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 807 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 5 e 7.nov
Qual é o time de futebol de sua preferência?
Região Nordeste
Resposta espontânea e única, em %
- Flamengo - 25%
- Corinthians - 8%
- Bahia e Palmeiras - 6%
- Sport - 5%
- Fortaleza - 4%
- Vasco, São Paulo e Vitória - 3%
- Ceará, Seleção Brasileira e Santa Cruz - 2%
- Fluminense, Náutico, Botafogo, CSA - 1%
- Outros - 2%
- Nenhum: 24%
Margem de erro de 4 p.p.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 807 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 5 e 7.nov
Qual é o time de futebol de sua preferência?
Regiões Centro-Oeste e Norte
Resposta espontânea e única, em %
- Flamengo - 29%
- Corinthians -11%
- São Paulo - 7%
- Palmeiras - 6%
- Remo - 4%
- Vasco - 3%
- Botafogo e Paysandu - 2%
- Fluminense, Santos, Cruzeiro, Atlético-MG, Goiás e Grêmio - 1%
- Outros - 2%
- Nenhum - 28%
Margem de erro de 6 p.p.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 807 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 5 e 7.nov
Qual é o time de futebol de sua preferência?
Região Sul
Resposta espontânea e única, em %
- Grêmio - 23%
- Internacional - 18%
- Corinthians e Flamengo - 9%
- Palmeiras - 5%
- São Paulo - 3%
- Athletico e Coritiba - 2%
- Juventude, Santos, Vasco, Avaí, Fluminense, Seleção Brasileira - 1%
- Outros - 1%
- Nenhum - 22%
Margem de erro de 6 p.p.
Fonte: Pesquisa Datafolha realizada presencialmente, com 807 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 5 e 7.nov
No Sudeste, o Flamengo tem 15%, contra 20% do Corinthians, tecnicamente empatados devido a margem de erro de três pontos. No Sul, é apenas o terceiro, empatado com o Corinthians (9%), atrás de Grêmio (23%) e Internacional (18%).
Entre os torcedores pretos e pardos, 23% dizem apoiar o Flamengo, contra 12% dos brancos. A distribuição geográfica pode ajudar a explicar essa diferença, já que as regiões do país em que o clube lidera são também aquelas com maior concentração de pretos e pardos, segundo o censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) —são 76% no Norte, 72,6% no Nordeste e 61,6% no Centro-Oeste, contra 55,4% da média nacional.
O recorte racial é mais equilibrado no caso do Corinthians, com 14% (pardos e pretos) e 13% (brancos), do Palmeiras (6% e 7%) e do São Paulo (6% e 6%).
A menor faixa da renda familiar mensal considerada pelo Datafolha, de até dois salários mínimos, é também a que o Flamengo lidera disparado, com 22%. Cai para 12%, no Corinthians, para 6%, no Palmeiras, e para 5%, no São Paulo.
Na quebra por religião, Flamengo e Corinthians têm o mesmo número de torcedores que se declaram católicos e evangélicos, com 19% e 13% cada, respectivamente. No Palmeiras, são 9% os que se declaram católicos, e 5% os que se declaram evangélicos, com um empate em 6% a 6%, no São Paulo.
Para questões de gênero, renda familiar e religião, a margem de erro pode oscilar entre três e sete pontos percentuais.
Wolff assinala que a tradição familiar também exerce influência no processo de escolha, com muitos pais transmitindo —ou ao menos se esforçando para transmitir— a paixão futebolística para os herdeiros.
Além disso, uma tendência relativamente recente que tem ganhado cada vez mais espaço entre os jovens torcedores, fruto da globalização, é a preferência por times no exterior. “Hoje, estamos falando de uma infinidade de transmissões esportivas por diferentes veículos, inclusive YouTube, que é de graça. Isso pode contribuir e refletir para essas transformações”, diz o especialista.
Consultor de marketing esportivo e professor do Insper, Eduardo Corch afirma que os gigantes europeus conseguem atrair o público com a exibição da marca em excursões das equipes estreladas mundo afora, e também por meio da oferta de experiências completas e facilidades aos torcedores.
“Vivemos em um mundo de experiências, em que as marcas, as empresas e os clubes de futebol precisam entregar uma boa experiência aos seus clientes”, afirma o professor. Ele diz que são aspectos que precisam ir além de um estádio limpo, moderno e seguro, com ações que aproximem os clubes e os jogadores dos aficionados, com benefícios dos programas de sócio-torcedor e criação de conteúdo diário para as redes.
Gerente de marketing e esportes da empresa de sócio-torcedor Somos Young, Jorge Duarte destaca ainda que, especialmente em cidades do interior e em capitais menores, percebe que os clubes locais têm ganhado maior atenção dos moradores da região, apoiados nas novas tecnologias.
Segundo ele, a internet e o avanço da comunicação digital permitiram que eles potencializassem sua visibilidade e engajamento. “Assim, o foco deixou de ser exclusivamente no eixo Rio-São Paulo, abrindo espaço para maior representatividade de outros times do Brasil”.
Mais de 70% das torcidas de Cruzeiro e Santos são contra as bets
Em um Campeonato Brasileiro em que a maior parte dos clubes da Série A é patrocinada por bets, a pesquisa do Datafolha questionou os entrevistados com 18 anos ou mais sobre o apoio às empresas de apostas esportivas.
A maioria aponta que as bets deveriam ser proibidas, com destaque para Cruzeiro (73%), Santos (71%) e Internacional (68%). Pela margem de erro elevada neste recorte específico, não é possível concluir que determinada torcida é mais inclinada do que outra à proibição.
A torcida do Flamengo, com 35%, possui menor rejeição às bets do que o restante da população (27%).
O índice de flamenguistas que diz já ter apostado (28%) também é maior do que a média nacional (18%).
