'Horror': bilionários brasileiros criticam Trump durante evento nos EUA

Os movimentos recentes do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, e do ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizaram os discursos de bilionários brasileiros e membros da cúpula do Poder Judiciário durante um evento de dois dias realizado em Cambridge, nos EUA.

O tarifaço imposto por Trump a dezenas de economias mundo afora, incluindo o Brasil, e a crescente pressão do bolsonarismo para que a Câmara vote o projeto de anistia dos presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro foram criticados duramente por agentes que ditam os rumos do mercado e das instituições políticas no Brasil.

Dono de empresas como a Ambev e 3G Capital, o empresário Jorge Paulo Lemann disse em palestra no último sábado que “as coisas estão um pouco agitadas demais” para o seu gosto, em referência à política comercial da administração Trump.

“Não dá para saber quais serão os resultados. Podemos ter desdobramentos positivos, mas também consequências muito disruptivas”, afirmou.

No mesmo dia mais tarde, André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos bilionários brasileiros de maior destaque atualmente por sua tentativa de comprar o Banco Master, disse que o tarifaço do governo Trump é um “horror econômico, geopolítico e moral”.

As falas dos dois empresários foram feitas na Universidade Harvard, onde ocorreu a Brazil Conference. O evento é organizado pela comunidade brasileira de estudantes nos Estados Unidos e reúne desde autoridades a líderes comunitários e pesquisadores de destaque no País.

Os bilionários também se mostraram atentos aos rumos da extrema direita no Brasil. Esteves e Leman assistiram da primeira fileira a palestra do decano do STF, Gilmar Mendes, cujo título era “Supremo em Foco: Defesa à Democracia ou Interferência Institucional”.

O magistrado defendeu a titularidade Alexandre de Moraes como relator dos processos que investigam tentativas de golpe de Estado e rejeitou alegações de bolsonaristas de que o colega seria suspeito, ou impedido, de julgar estes casso por também figurar como possível vítima.

“Ele (Moraes) não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe comparar Alexandre (de Moraes) com (Sérgio) Moro. Moro, de fato, se associa ao Bolsonaro. Ele antes das eleições já tem conversas com Bolsonaro, aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro”, afirmou Gilmar.