Nem os milhões de dólares em contas na Suíça salvaram Sabine de terminar último capítulo de Pega Pega (2017) atrás das grades. Intérprete da megera, Irene Ravache avalia que a novela das sete lavou a alma do telespectador ao acabar com o sentimento de impunidade que ronda o país --pelo menos na ficção. “O sonho do brasileiro é ver muita gente na cadeia”, dispara.
A atriz ressalta que a autora Claudia Souto puniu exemplarmente todos os delitos, até mesmo os do quarteto que afanou US$ 40 milhões (R$ 210,1 milhões) dos cofres do hotel Carioca Palace, ainda que eles também tenham roubado a cena e caído no gosto popular.
“Eu lembro que durante a trama as pessoas conversavam comigo sobre os ladrões, sentiam pena, mas queriam que eles fossem condenados mesmo assim. O público já tinha comprado a história, entrado na brincadeira, mas ainda prezava pela ética”, explica a veterana ao Notícias da TV.
A vilã, ao contrário, era odiada por ter arrancado Dom (David Junior) dos braços de Madalena (Virgínia Rosa) ainda na infância. Ela se apaixonou pelo menino à primeira vista e aproveitou uma distração de Cristóvão (Milton Gonçalves) para raptá-lo em uma praia --com a desculpa de que lhe daria um futuro melhor na Europa.
“Ela é um poço de bom caráter (risos). Ela sequestra com uma criança, acaba com a felicidade de uma família e ainda tem o discurso de que fez isso por amor. Nada disso, é uma louca. Uma desequilibrada”, aponta Irene.
A milionária só foi responsabilizada na reta final, deixando o caviar de lado para dividir uma quentinha com Lígia (Angela Vieira) no xilindró. A dondoca, aliás, havia sido presa justamente por conta do atentado que matou a mulher de Eric (Mateus Solano), mas que tinha Sabine como alvo.
“Elas terminam juntas, igual um par romântico, caminhando lado a lado com as suas roupas de detentas. Eu acho importante demais ver esses personagens que dilaceraram outros seres humanos serem presos. Sem dúvida, é uma novela que faria sucesso até às 21h”, conclui a artista.
Pega Pega foi exibida originalmente entre 2017 e 2018. A trama voltou em “edição especial” à faixa das 19h porque a Globo adiou a estreia da inédita Quanto Mais Vida, Melhor, que está sendo gravada no Rio de Janeiro com protocolos de segurança devido à pandemia de Covid-19."