Diego Martins, Kelvin de Terra e paixão, fala do sucesso na novela, conta que teve namorado homofóbico e diz que recebe cantadas de mulheres

Estreante em novelas, Diego Martins comemora a repercussão de Kelvin em “Terra e paixão”. Ele confessa que estava ansioso para saber como seria a reação do público:

— Quando a gente começa a estudar um personagem, vem uma ansiedade muito grande para saber como ele será recebido. E o Kelvin é engraçado e divertido, mas também faz coisas erradas, é ruinzinho de vez em quando. Então, eu fiquei com uma expectativa enorme. Mas, desde a estreia, o retorno tem sido amplamente positivo.

Ele conta que, nas ruas, é frequentemente abordado por idosas.

— Eu jamais imaginei que senhoras mais velhas teriam um carinho tão grande pelo Kelvin. Elas param e me perguntam se eu vou pegar o peão (risos). A torcida para que ele fique com o Ramiro (Amaury Lorenzo), aliás, é enorme entre pessoas de todas as idades. Isso foi algo que me surpreendeu demais, principalmente pela questão do conservadorismo, que ainda é muito forte no nosso país. E até mesmo as críticas que eu recebo sobre o personagem nunca estão relacionadas à sexualidade dele, mas a coisas como o caráter, por exemplo. Isso me deixa feliz — diz ele, que ficou amigo de Amaury Lorenzo: — Ele sofre na minha mão porque eu amo fazer vídeos de surpresa com ele para postar nas redes. Ele me suporta, me aguenta (risos). Nos damos muito bem dentro e fora de cena.

Aos 26 anos de idade, Diego começou a fazer teatro na infância e acredita que o apoio da família foi fundamental:

— Na infância, eu assistia a muitas novelas e tinha o hábito de refazer os capítulos com a minha irmã mais nova para os meus pais assistirem. Eu cresci numa casa onde sempre houve muita arte e cultura. Meu pai e minha mãe foram grandes motivadores, não só na questão da minha vocação, mas também com relação à minha sexualidade. Eu nunca precisei assumir em casa que sou gay. Eles já sabiam. Sempre foi algo muito leve.

Se dentro de casa o ator recebeu carinho, fora dela enfrentou preconceito desde desde muito jovem:

— Como toda pessoa LGBTQIAP+ do Brasil, já vivi situações de homofobia, como olhares e comentários maldosos. Já passei por relações confusas quando era mais novo também. Um ex-namorado meu, por exemplo, foi homofóbico comigo. Acho que ele não se entendia direito e acabou colocando as perspectivas frustradas sobre ele mesmo em cima de mim. Quando eu participei do “X Factor Brasil” (reality do TNT exibido em 2016), fui como drag queen e recebi muito ódio nas redes sociais, simplesmente por ser quem eu sou. Eu convivo com a homofobia desde muito cedo, porque eu me entendo como um homem gay desde muito cedo. É algo com o qual, infelizmente, a gente acaba se acostumando a conviver. Nunca foi uma escolha minha falar ou não sobre a minha sexualidade, porque ela está na minha testa, na minha roupa, na minha política, na minha voz.

Martins diz que está solteiro e costuma receber cantadas nas redes sociais:

— Recebo cantadas não só de homens, mas de mulheres. Muitas me pedem uma chance. Quando eu abro caixinhas de perguntas, elas me questionam se eu tenho certeza de que não sou bi.