O último Domingão se mostrou um bom negócio para a Globo. O programa não só conseguiu bater até o Fantástico na audiência como ainda repercutiu positivamente nas redes sociais. A final da Dança dos Famosos está longe de ser o único fator que explica o fenômeno, bem como o bom ibope recebido do futebol --Luciano Huck também tem uma parcela de “culpa” no processo.
O apresentador se mostrou bastante à vontade ao vivo, diferentemente de quando brincou que quase teve de “entrar de cuecas” em sua estreia aos domingos. Ele não perdoou sequer Angélica, citando o hit Vou de Táxi ao avisar que Lívia Andrade estava presa no trânsito.
Huck também aproveitou para tietar a filha Eva, de dez anos, aproveitando que ela estava com uma amiga nos bastidores da produção. Ele igualmente respirou aliviado por ter conseguido controlar as “línguas de fogo” da própria Lívia e de dona Déa Lúcia --que, por sorte ou não, estava rouca.
O profissional que estava no palco no domingo (2) é bastante diferente daquele que o público pôde ver no documentário Domingão com Huck: A História da História. O comunicador nunca escondeu o seu lado perfeccionista, de entregar o produto mais polido possível para o público.
Essa perfeição, porém, também leva parte dos telespectadores a enxergá-lo como “certinho demais” ou até “sem sal”. Os erros de percurso e até os micos, como Paolla Oliveira falando demais no microfone, ajudam a humanizar a figura pública --ao estilo “gente como a gente” popularizado por Cissa Guimarães no Vídeo Show (1983-2019).
Huck até tirou onda com essa pecha de “sonífero” com uma criança que realmente adormeceu no colo da mãe na plateia. Ele ainda conseguiu inventar uma boa desculpa quando o menino acordou e pediu para sambar no palco.
O apresentador só pode fazer esses apartes porque assumiu que está longe de ser “perfeito” profissionalmente para o próprio público. Ele se sentiu à vontade para brincar com as broncas do diretor, preocupado com o horário e o início do Fantástico --deixando Paolla e Vitória Strada livres para também rirem dos pedidos para correr com suas críticas.
O pedido da direção, em vez de engessar, acabou deixando a final da Dança dos Famosos mais dinâmica e interessante. O entretenimento não estava só nas apresentações, mas também na química do júri e no próprio Huck. Ele foi fundamental ao dar o tom: rindo do próprio tropeço com o tempo.
A Globo obviamente tem uma série de custos para colocar Huck ao vivo todos os domingos. Não só com horas extras, mas também com a logística para arrastar atores para os Estúdios Globo bem na folga ou atrair cantores em um dos dias mais lucrativos. O investimento, porém, deu retorno --lembrando até o bordão “quem sabe faz ao vivo” que Fausto Silva imortalizou no horário.