Argentina vive onda de arrastões em supermercados

Argentina vive onda de arrastões em supermercados em meio à crise econômica

Diversos estabelecimentos na periferia da capital foram invadidos em ataques planejados via redes sociais

Após um fim de semana de roubos a comércios e de violência pelo interior da Argentina, a onda de saques a supermercados e lojas chegou à periferia de Buenos Aires nesta terça-feira (22), alastrando-se de maneira veloz sobre o terreno fértil do aumento da pobreza gerado a cada nova remarcação de preços.

Durante a noite e a madrugada, 56 pessoas foram presas em mais de dez saques a supermercados em pelo menos oito municípios vizinhos à capital. O número de presos é ínfimo diante das várias dezenas de indivíduos que se juntam para atacar comércios em uma modalidade conhecida entre os argentinos como “ataque piranha” —referência ao cardume voraz que devora as vítimas em poucos segundos.

“Esta noite, à última hora, quando os comércios começaram a fechar, houve várias tentativas de roubos, de forma coordenada, a diversos supermercados e lojas. Fazem uma maciça campanha através das redes sociais, incitando aos saques. Nos roubos, usam menores para roubar cigarros e bebidas alcoólicas”, disse Sergio Berni, secretário de Segurança da Província de Buenos Aires.

Ao longo da madrugada, quatro helicópteros sobrevoaram os pontos de mais conflito da área metropolitana de Buenos Aires. Em terra, grupos de apoio da polícia procuravam antecipar-se aos roubos.

Um dos saques mais violentos ocorreu no município de Moreno. Cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, cercaram o supermercado Conquista, que em reação fechou suas portas metálicas. Primeiro, o grupo ateou fogo num depósito de botijões de gás, ação que por pouco não transformou o saque numa tragédia. Depois, forçaram o portão de ferro até derrubá-lo. Por último, retorceram as portas metálicas. O dono do supermercado teve seu rosto atingido por uma pedra.

“Primeiro, roubaram bebidas alcoólicas, depois eletrodomésticos, computadores e geladeiras. Por último, os alimentos. Os ladrões são os mesmos moradores da vizinhança que vêm aqui comprar. Chegaram a virar o rosto quando me viram”, descreveu Johana, caixa do supermercado.

“Vi a ameaça num grupo de Facebook, mas não acreditei. Depois, recebi uma mensagem num grupo de WhatsApp. A polícia passou, mas não fez nada”, conta a moradora Alejandra Castillo.

Em Moreno, outro supermercado, este da rede Arco, foi alvo de uma tentativa de saque, desta vez impedida pela polícia. Na mesma cidade, uma loja de roupas sofreu um “roubo piranha” que durou 50 segundos, tempo suficiente para que 15 jovens levassem várias peças. Na imagem da loja, a vendedora se refugia atrás do balcão, enquanto o estabelecimento é depenado. Um homem de 19 anos foi preso.

SUPERMERCADOS COMO ALVO

A rede espanhola de supermercados Dia foi um dos principais alvos dos ataques. Em três municípios (Escobar, Don Torcuato e José C. Paz), muitas pessoas conseguiram entrar nas filiais, embora os funcionários, alertados pelos movimentos, já tivessem fechado as portas dos locais.

Nas imagens dos roubos, filmadas por moradores estupefatos, é possível ver crianças e adolescentes carregando bebidas alcoólicas. A imensa maioria dos ladrões é jovem, e as mercadorias menos visadas são os alimentos.

“Em Escobar, houve seis presos, quatro deles menores de entre 12 e 15 anos. Os outros dois mal passam dos 18 anos”, afirmou o prefeito da cidade, Ariel Sujarchuck. Em Don Torcuato, 40 pessoas, mulheres e adolescentes em sua maioria, entraram no supermercado, mas a polícia conseguiu conter a ação. Já em José C. Paz, foram cerca de 80 as pessoas que roubaram e destruíram o supermercado. Além de produtos, roubaram dinheiro dos caixas. Nas imagens, mulheres saem com carrinhos abarrotados de mercadorias.

“As portas do supermercado já estavam fechadas porque havia rumores de possíveis saques. Mesmo assim, derrubaram e entraram, provocando destruição. Quando a polícia chegou, foi atacada com garrafas e pedras. Foi preciso chamar muitos reforços. Roubaram tudo. Quatro pessoas foram presas”, detalhou a juíza Gabriela Persichini.

A magistrada acrescentou que a forma como tudo aconteceu era suspeita. “Não é normal que num roubo haja 80 pessoas à espera para entrar num supermercado”, destacou.

Ainda houve registros de saques a supermercados em Ciudadela, em Morón e nas ilhas Malvinas. Em Loma Hermosa, as imagens mostram o dono de uma loja e dois funcionários recebendo os invasores com tiros de escopeta.

Em Mar del Plata, enquanto o prefeito Guillermo Montenegro anunciava uma operação policial deflagrada após a descoberta de áudios de WhatsApp que antecipavam saques a comércios, um grupo de 40 pessoas tentava roubar um supermercado durante a noite. Os donos do local evitaram o roubo ao fecharem as portas a tempo. Os revoltosos destruíram parte da fachada, mas não conseguiram entrar.

INCITAÇÃO AO SAQUE

Os saques são coordenados através de grupos no Facebook e, principalmente, no WhatsApp. A partir de perfis falsos, mensagens de agitação são enviadas, incitando os integrantes a participarem de determinado ataque.

Na cidade de Buenos Aires, na noite de segunda-feira (21), um grupo de moradores de uma favela no bairro de Flores atacou a paus e pedras os delinquentes que entraram para roubar um comércio —uma pessoa foi presa. A área, a mais perigosa da capital argentina, é patrulhada pela polícia do Exército há dois meses, e a vizinhança usa um sistema de alarme que avisa a comunidade sobre possíveis ataques.

Durante toda a terça-feira (22), as redes sociais tornaram-se uma usina de rumores, levando comerciantes de bairros como Flores e Once a fecharem as suas lojas como prevenção a um ataque que não se concretizou.

Os saques começaram no sábado, em Mendoza, quando ataques maciços a comércios em duas cidades do interior da província, Las Heras e Rivadavia, terminaram com a prisão de 18 pessoas. Na segunda, outras dez pessoas foram presas ao tentarem entrar num supermercado em outra cidade de Mendoza, Tunuyán.

Na Patagônia, na cidade de Cutral Co, província de Neuquén, um supermercado da rede La Anónima foi saqueado. Seis pessoas foram presas. Na capital provincial, uma pessoa também foi presa durante um ataque a outro supermercado.

Os saques na província de Córdoba começaram pela cidade de Río Cuarto, onde 15 pessoas foram presas ao tentarem roubar um supermercado no domingo. Na madrugada de terça-feira, os saques chegaram à capital de mesmo nome, até agora a cidade com mais ataques registrados: 12 comércios saqueados e 23 presos.

ROUBOS ENTRAM NA CAMPANHA ELEITORAL

Para o governo, um dos principais motores para incentivar os saques é o candidato à Presidência Javier Milei, que lidera as sondagens para as eleições de 22 de outubro. A porta-voz da presidência, Gabriela Cerruti, acusou a coligação do ultradireitista, A Liberdade Avança, de operar nas redes sociais com o objetivo de desestabilizar o governo.

Milei fez uma comparação entre o atual momento da Argentina e aquele vivido em dezembro de 2001, quando o país teve um colapso socioeconômico e político, com dias de saques prévios à queda do então governo do presidente Fernando de la Rúa.

“É trágico voltar a ver, depois de 20 anos, as mesmas imagens de saques que víamos em 2001. Pobreza e saques são duas caras da mesma moeda. A Argentina não resiste mais a esse modelo empobrecedor”, disse ele.

Para a candidata Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança e segunda nas sondagens, “se o governo perder totalmente o controle, deve decretar estado de sítio”.

Há uma semana, o governo desvalorizou a moeda em 22%, levando os comerciantes a aumentarem os preços em torno de 30% e os economistas a calcularem uma inflação acima de 12% para agosto e setembro. Projeções conservadoras calculam que a inflação na Argentina em 2023 deva alcançar taxas de 150%, enquanto as mais pessimistas já as situam em torno de 200%.

“A delicada situação econômica e social pela qual a Argentina atravessa não justifica, de modo algum, que sejam cometidos delitos, ainda mais quando a motivação de muitos não é a necessidade, mas a mera vocação de gerar temor e desordem”, indicou em nota a Câmara Argentina de Comércio (CAC).

1 curtida

a cidade jogada as traças

Morro, depois xingam o brasil de nomes racistas

a riodejaneirização

kkkkkkkkkkk é essa a Europa do Sul

E vai piorar com a eleição do milei

1 curtida

Mandem o Lula para la ja que ele ama tanto essa merda de lugar

Rio de Argentina

Avisaram que era a Europa das Américas?

Branco roubando?

Achava que europeus fossem mais civilizados

Tu mora no Brasil querida.

Ja massacrei esse bueiro que chamam de pais

Era essa a Europa latina? Kkkkkkkkkk

Daqui a pouco, poderemos comprar a Argentina com uma banana.

que tudoooo

esse país tá jogado as traças kkkkk

Um argentino já falou pra mim no twitter que isso só acontece no Brasil

fake news