Bombou, teatro, marca de roupa: Manoel Soares revela projetos pós-Globo

Fora da Globo desde o fim de junho, o apresentador Manoel Soares, 44, tem investido em projetos fora da TV. Nas últimas semanas, ele lançou o agregador de notícias Bombou e viu seu livro “Para Meu Amigo Branco” inspirar peça homônima.

E não para por aí. O comunicador viajou a Angola, onde se encontra hoje, para se reconectar às raízes africanas. O país, em breve, vai receber peças da sua primeira marca de roupas, a Mano Rei, que será lançada aqui e lá.

“Superou o que a gente esperava. A gente sempre pensa começar pequenininho, né? A minha cabeça ainda é a de comunicador comunitário, de empreendedor de comunidade. Fico meio abismado quando as coisas tomam uma proporção maior, mas a gente está muito feliz.”

As novidades se unem a outros dois projetos de Manoel: uma casa noturna na zona sul paulistana e uma barbearia voltada para pessoas com neurodiversidade, incluindo autismo.

Voltar à TV por enquanto não é o plano. Manoel não descarta esse retorno em breve, afinal, diz querer ser um apresentador multiplataforma, com projetos em diferentes formatos. No entanto, manter distância da TV por enquanto, após anos de contrato com a Globo, permite maior tempo para cuidar dos filhos.

Costumo brincar que, nos momentos de mudança da vida, é sempre importante você visitar a sua mãe. No meu caso, é a Mãe África. Então, Vou passar um tempo na África. Tenho uma imersão cultural e espiritual para ser feita.Manoel, em entrevista a Splash, sobre viagem à África

Enquanto estiver na África, o Bombou continua com edições diárias. Está disponível em plataformas de áudio e vídeo, como Spotify e YouTube, além das redes sociais. Tem episódios inéditos diariamente às 17h.

“Para Meu Amigo Branco”

Lançado em 2022, o livro de Manoel Soares é fruto do desejo pela democracia racial no Brasil. Foi escrito durante a pandemia, quando Manoel percebeu que o filho Ezequiel, um menino branco, estava crescendo. Como educar o criança de pele clara para ela não reproduzir ambientes e posturas racistas?

Esse foi o pontapé para o “manual antirracista” de Manoel para o filho e, quem sabe, amigos próximos. No entanto, o texto ganhou força e chegou a mais pessoas, incluindo Fernanda Souza, responsável por aproximar o então apresentador do Encontro da editora Agir. Desde o lançamento, o livro se encontra entre os mais vendidos da Amazon.

“Sou um homem negro retinto que foi o primeiro apresentador de entretenimento de um matinal num país em que moram 200 milhões de pessoas. Ser o primeiro não me deixa feliz… Fui alvo de um amontoado de boatos sobre mim. Por que as pessoas se sentiram tão à vontade em esticar esses boatos durante tanto tempo? Será que esses boatos traziam uma agenda de reafirmação da identidade e do imaginário que se tem a pessoas como eu? Não podemos, num país como o Brasil, acreditar que a democracia racial é um fato.”

Pessoas negras no Brasil que não abaixam a cabeça são rotuladas como arrogantes. Minha mãe me ensinou a ter dignidade. Então, se tem uma coisa que as pessoas nunca terão de mim é subserviência em uma postura de homem escravizado.Manoel Soares, em entrevista a Splash, sobre racismo estrutural

Manoel Soares ao lado da equipe da peça "Para Meu Amigo branco" na estreia da montagem no Rio - Divulgação - Divulgação

Manoel Soares ao lado da equipe da peça “Para Meu Amigo branco” na estreia da montagem no Rio

Imagem: Divulgação

Dirigida por Rodrigo França e Mery Delmond, a peça estreou na última quinta-feira (27), no Rio de Janeiro, e contou com a presença de Manoel Soares e famosos. Inspirada no livro do jornalista, a trama trata de um episódio de racismo entre crianças da escola.

A menina Zuri, de 8 anos, é chamada pelo coleguinha de “negra fedorenta da cor de cocô”. Ao solicitar explicações à escola, o pai da menina, Monsueto, descobre que o racismo sofrido por sua filha estava sendo tratado como “coisa de criança”, bullying.

“Fiz questão de não acompanhar os ensaios, porque eu quero, sim, viver a experiência do espectador, quero ver a experiência da pessoa sentada na plateia. A peça é baseada no meu livro, não é sobre mim”, disse Manoel a Splash antes de assistir à estreia da obra.

Serviço - “Para Meu Amigo Branco”
Quando: De 27/7 a 20/8; de quinta a domingo, às 20h
Onde: Arena do Sesc Copacabana (R. Domingos Ferreira, 160) – ingressos a partir de R$ 7,50
Classificação: 14 anos
Duração: 70 min

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