Pecado Capital: Novela exibida há 25 anos fez Globo ter trauma de remakes

Em 5 de outubro de 1998, estreava uma novela que fez a Globo pensar duas vezes antes de produzir qualquer remake nos anos seguintes. Há exatas duas décadas e meia, a emissora colocou no ar uma releitura de Pecado Capital, clássico de 1975 assinado por Janete Clair (1925-1983), adaptado por Glória Perez.

A premissa das duas novelas era a mesma. Carlão (Francisco Cuoco/Eduardo Moscovis) encontra em seu táxi uma mala de dinheiro perdida por bandidos. O dilema do protagonista é saber se devolve a grana ou fica com ela.

Paralelamente, o taxista forma um triângulo amoroso com a namorada Lucinha (Betty Faria/Carolina Ferraz) e o rico empresário Salviano Lisboa (Lima Duarte/Francisco Cuoco), anos mais velho que a moça.

A história fez um grande sucesso nos anos 1970. Produzida às pressas para substituir Roque Santeiro, cuja primeira versão foi censurada pela ditadura militar, a trama refletia sobre ambição e honestidade. Mobilizou o país no horário nobre da Globo e é considerada uma das melhores criações de Janete Clair na TV.

Já o remake passou longe de repetir o êxito. Atualizada para a década de 1990 e transmitida às 18h, a produção amargou péssimos índices de audiência para a época – média de 27 pontos no Ibope –, derrubando os números das antecessoras Anjo Mau (1997) e Era uma Vez… (1998).

Carolina Ferraz e Francisco Cuoco brigaram feio nos bastidores de Pecado Capital

Além do fracasso de público, os bastidores também pegaram fogo. Os desentendimentos entre Carolina Ferraz e Francisco Cuoco se tornaram públicos na época. A atriz teria se recusado a beijar o colega. Em entrevista ao jornal O Dia, anos depois, o veterano ator classificou a experiência na novela como “um pesadelo”.

“Levei até o fim porque sou profissional, mas para conviver com minha colega, a atriz Carolina Ferraz, tive que procurar um analista. Ela é intratável. Não falei nada durante a novela por profissionalismo. Agora, não tenho por que não falar de um assunto que me machucou tanto. Não quero especular os motivos que a levaram a agir daquela forma. Só posso dizer que Carolina gravou a novela como se estivesse fazendo um favor para todos.”

Francisco Cuoco

Para apagar o “incêndio” por trás das câmeras, foi preciso mudar a história. Se, na versão original, Lucinha terminava casada com Salviano, no remake ele ganhou outro par romântico: Laura (Vera Fischer), irmã de sua falecida esposa.

Assim, na adaptação, Lucinha termina chorando a morte de Carlão, assassinado por bandidos na última cena, enquanto Laura e Salviano têm um final feiz na praia. A morte do anti-herói, marcante em 1975, foi mantida na versão de 1998.

Nos anos 1990, a Globo apostou na produção de remakes e teve acertos como Mulheres de Areia (1993), A Viagem (1994) e Anjo Mau (1997). Depois de Pecado Capital, as adaptações ficaram menos frequentes. A obra de Janete Clair só voltou a ser visitada na emissora 13 anos depois, com O Astro (2011), versão da história original de 1977.

Confira as aberturas das duas versões de Pecado Capital