Número de casos de hepatite A sobe na cidade de São Paulo, e secretaria emite alerta

O vírus da Hepatite A (HVA) causa inflamação aguda no fígado e é a forma mais comum de hepatite viral. — Foto: Alain Grillet-Sanofi Pasteur

Desde o ano passado, a cidade de São Paulo tem enfrentado um aumento de casos confirmados de hepatite A, doença que causa uma inflamação do fígado. Em 2022, foram registrados 165 casos , e até o momento em 2023, já são 204 ocorrências.

Esses números superam a média de casos que era observada antes da epidemia de 2017 e 2018 (veja gráfico abaixo) . Naquela época, o surto de hepatite A na capital paulista estava principalmente associado à prática sexual desprotegida, incluindo sexo oral e anal, bem como à ingestão de alimentos e água contaminados.

Durante esse período, a maioria dos casos ocorreu em homens com idades entre 18 e 39 anos, representando cerca de 80% das infecções. Em resposta a essa situação, a prefeitura, em colaboração com o governo estadual, lançou uma campanha de conscientização direcionada a grupos específicos: gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e pessoas trans.

Agora a situação parece se repetir com o mesmo público de 2017/2018, mas com um diferencial: a campanha de vacinação priorizando esse grupo já não existe mais.

Dados recentes da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de São Paulo indicam que, no período de 2022 a 2023, a hepatite A vem afetando novamente homens (70,8%) entre 19 e 40 anos (67,5%).

programa ‘piloto’

Esse aumento recente preocupa médicos infectologistas ouvidos pelo g1, que também questionam o encerramento da iniciativa de vacinação entre a prefeitura e o governo do estado.

Na época de lançamento, o governo estadual chegou até mesmo classificar a ação na capital como um “projeto piloto” para ampliar a recomendação da vacinação contra a doença para essa população vulnerável.

No entanto, o programa foi encerrado e gays, HSHs, travestis e pessoas trans não estão mais contemplados na estratégia municipal.

“O programa pode ser temporário, a doença que não é”, diz a médica infectologista Mafê Medeiros.

Ela avalia como “péssimo” o encerramento da iniciativa e ressalta que, embora a vacina esteja no Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2014 com uma dose aos 15 meses de idade, suficiente para conferir imunidade protetora, algumas pessoas terminam não tomando o imunizante quando jovens.

Assim, isso representa um risco, especialmente para quem está envolvido em práticas sexuais orais-anais.