Gustavo Reiz fez sua estreia na TV Globo no ano passado com “Fuzuê”, novela centrada na disputa por um tesouro. A história, que terminará no próximo dia 1º, teve altos e baixos. Por conta de uma queda de audiência, a direção da emissora decidiu escalar o experiente Ricardo Linhares como supervisor de texto. Com a entrada dele, houve mudanças significativas na produção, que perdeu cenas de humor para dar lugar a mais conflitos dramáticos. Na entrevista abaixo, o autor faz um balanço de sua primeira experiência na casa e dá pistas do desfecho da trama.
Qual o balanço da sua estreia em novelas na Globo? Foi como esperava? Qual o aprendizado após esta experiência?
Escrever novela na Globo é fazer parte da engrenagem que me tornou um apaixonado pelo gênero. Fico feliz e muito emocionado com isso. E novela é sempre um fuzuê de emoções, principalmente no caso deste projeto, que começou em 2019, enfrentou uma pandemia e várias mudanças ao longo do período. É uma vitória chegar ao fim com equipe e elenco apaixonados pela novela, todos sempre muito envolvidos e entregando o máximo para contar essa história. É uma longa jornada, de muito aprendizado. Já termino com saudades.
- E mais: Vitória Strada entrará na reta final de ‘Fuzuê’
- Entrevista: Olivia Araujo vai raspar a cabeça para cenas de Maria Navalha com câncer em ‘Fuzuê’: ‘Minha mãe morreu em decorrência da doença’
Quais foram os maiores acertos da história? E erros? Acha que poderia ter feito algo diferente?
O elenco foi um grande acerto. E considero que trazer alegria e otimismo, também. O autor sempre acha que poderia fazer diferente depois de assistir a trama no ar, mas essas correções são feitas no meio da jornada, com o trem em movimento. Eu tentaria modular melhor a busca da Maria (Olivia Araujo) e a do tesouro para não acontecerem simultaneamente, por exemplo. Mas fica fácil falar depois de assistir. No momento em que escrevemos, que planejamos os capítulos, temos a consciência de que entregamos o melhor, sempre, para divertir, emocionar e instigar o público.
A novela sofreu mudanças com a entrada do Ricardo Linhares como supervisor. Como foi redesenhar a trama e alterar os textos? Teve algo que você tinha programado e acabou ficando de fora?
Eu sempre disse que essa novela era uma celebração ao gênero. E foi. Mudanças ao longo da trama não deixam de ser uma característica da telenovela. Não sou um autor que sofre por ter que mudar algo que estava planejado. Acho que o autor de novela precisa ser desapegado e estar alinhado com a produção. A entrada do Ricardo, que é um medalhão e um autor que admiro, rendeu uma troca muito enriquecedora. Investimos mais no melodrama, nos aprofundamos em alguns temas. Foi um privilégio contar com essa colaboração dele.
Você levou muito em consideração o resultado do grupo de discussão? Concordou com as opiniões do público?
Eu sempre levo em consideração a opinião do público. Escrevo para quem assiste. Mudanças fazem parte, sempre no seu tempo, respeitando timing e a grande frente de capítulos finalizados que já tínhamos na novela.
Quais foram os personagens mais surpreendentes e que ganharam um destaque que não tinha sido previsto?
Tivemos lindas surpresas, o elenco brilhou. Mas acho que o Merreca (Ruan Aguiar) foi um dos que mais cresceu com relação ao que estava previsto.
Qual foi o final mais difícil de escrever, aquele que mais te deixou indeciso?
O da Preciosa Montebello ( Marina Ruy Barbosa). Mudei de opinião algumas vezes até a entrega do último capítulo.
Podemos esperar punição dos vilões? Ou alguém escapará?
Teremos punições, mortes, disputas e surpresas.
Você tinha apresentado outros projetos para a Globo, certo? Já vai começar a desenvolver algum depois da novela?
Sim. Tenho vários projetos na emissora e, principalmente, muita história para contar. Já escrevi novela contemporânea, de época colonial, medieval, série policial, bíblica, gosto de visitar diferentes estilos. Amo e preciso escrever diariamente. E como sou um defensor ativo do gênero, quanto mais novela, melhor!