A estratégia da Globo para manter em segredo os desfechos de Vale Tudo não deu certo. Sem novos spoilers para instigar o público, a novela passou a acumular recordes de críticas – tanto na mídia especializada quanto nas redes sociais. Além disso, o folhetim virou praticamente um “canal de vendas” da emissora, com ações de merchandising mal encaixadas na trama e alvo de piadas. Difícil imaginar que algum anunciante tenha gostado de ver sua marca detonada em horário nobre.
Sem falar que, na prática, muitos desdobramentos dos capítulos finais já vieram à tona, ou seja, o mistério ruiu. Todo mundo já sabe o principal: Heleninha (Paolla Oliveira) será presa após confessar o assassinato de Odete (Debora Bloch), e Celina (Malu Galli) vai assumir a autoria do crime.
Ter na manga uma ou outra reviravolta é o que todo autor de novela faz, mas fingir que a trama não precisa de divulgação da história é outra coisa.
Saber os desfechos não faz ninguém deixar de assistir aos capítulos derradeiros de um folhetim. Ao apostar que haverá surpresa, a autora Manuela Dias está colhendo o que plantou: mais frustração de expectativas do que glórias.
O barulho causado até agora é uma repercussão negativa, com todo mundo dizendo que a novelista não respeitou a obra original, não se aprofundou em temas e não soube construir barrigas para prender o público até as cenas mais importantes irem ao ar.
Portanto, a estratégia de segredo reforçou o sentimento de esvaziamento narrativo. O que restou foi o excesso de publicidade em cena, que virou o principal alvo de críticas nesta reta final.
As inserções mal encaixadas de merchandising transformaram a novela em vitrine de produtos. A mais comentada foi a sequência em que Solange (Alice Wegman), no auge de um drama familiar, aparece com sabão para lavar roupas diante do marido com câncer, que acabara de descobrir um doador compatível e um segredo monstruoso envolvendo o irmão dado como morto.
Vale Tudo termina como uma das novelas mais comentadas da Globo, sim. Acumula lucro e engajamento, mas perdeu prestígio, deixou a emoção de lado. O remake chega ao fim como referência de excesso de propaganda e roteiro frouxo.