Procurador entrou com a ação contra a Johnson & Johnson, que vendeu o Tylenol por décadas, e a Kenvue, uma empresa desmembrada que comercializa o medicamento desde 2023
Ken Paxton, o procurador-geral republicano do Texas, processou nesta terça-feira (28) os fabricantes do Tylenol, alegando que as empresas ocultaram os riscos do medicamento para o desenvolvimento cerebral em crianças.
O processo é a mais recente consequência da afirmação do presidente Donald Trump no mês passado de que o uso de Tylenol durante a gravidez pode causar autismo. Essa ligação não foi comprovada.
Paxton entrou com a ação contra a Johnson & Johnson, que vendeu o Tylenol por décadas, e a Kenvue, uma empresa desmembrada que comercializa o medicamento desde 2023.
O processo no Texas alega que as empresas conscientemente ocultaram evidências dos consumidores sobre as ligações do Tylenol com autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
A ação também afirma que a Kenvue foi criada para proteger a Johnson & Johnson de responsabilidades relacionadas ao Tylenol
Este é o primeiro processo movido por um estado aproveitando as alegações de Trump de que o uso de produtos com acetaminofeno, como o Tylenol, durante a gravidez poderia causar transtornos do neurodesenvolvimento. A questão é uma preocupação antiga entre alguns seguidores de Robert F. Kennedy Jr., principal autoridade de saúde do país, mas a ideia ganhou força com as declarações de Trump.
A Kenvue tem defendido repetidamente a segurança do Tylenol e rejeitado as alegações de Trump sobre o uso do medicamento durante a gravidez e o autismo.
"Vamos nos defender contra essas alegações infundadas e responderemos conforme o processo legal”, disse Melissa Witt, porta-voz da Kenvue, na terça-feira. “Estamos firmes ao lado da comunidade médica global que reconhece a segurança do acetaminofeno e acreditamos que continuaremos a ter sucesso na litigância, pois essas alegações carecem de mérito legal e suporte científico.”
Em outro processo, a Johnson & Johnson afirmou que sempre agiu de forma responsável ao alertar os consumidores sobre o risco comprovado de danos ao fígado pelo uso excessivo do Tylenol.
Clare Boyle, porta-voz da Johnson & Johnson, disse na terça-feira que a empresa “desfez-se de seu negócio de saúde do consumidor anos atrás, e todos os direitos e responsabilidades associados à venda de seus produtos de venda livre, incluindo o Tylenol (acetaminofeno), pertencem à Kenvue.”
Centenas de processos foram movidos nos tribunais estaduais e federais nos últimos anos por famílias que alegam que seus filhos foram diagnosticados com autismo ou TDAH após o uso de Tylenol durante a gravidez.
No maior grupo de casos, movido em tribunal federal, um juiz dos EUA em Nova York rejeitou os processos, citando falta de evidências científicas confiáveis. Os autores estão recorrendo da decisão, com uma audiência marcada para 17 de novembro.
Por anos, cientistas têm pesquisado uma possível conexão entre acetaminofeno e transtornos do neurodesenvolvimento, mas os estudos até agora apresentaram resultados mistos.
Grupos médicos contestaram o alerta da administração Trump em setembro, afirmando que o Tylenol é o único analgésico seguro para uso durante a gravidez para tratar febres altas. Se não tratadas, essas febres representam riscos sérios para a saúde do bebê e da mãe.