A história transgênero, no sentido mais amplo, inclui exemplos de variação e não conformidade de gênero, em culturas de todo o mundo, desde os tempos mais remotos. Como essa história é anterior ao surgimento do termo “transgênero”, as opiniões sobre como categorizar essas pessoas e identidades podem variar. É uma história que também começa antes do uso de “gênero”, em meados do século XX, na psicologia americana e todo o aparato conceitual associado, incluindo as noções de " identidade de gênero " e “papel do gênero”.[1][2]
Textos sumérios e acádios, de 4500 anos atrás, documentam sacerdotes transgêneros ou travestis, conhecidos como gala. Da mesma forma, prováveis representações artísticas ocorrem, na região do Mediterrâneo, de 9.000 até 3.700 anos atrás. Na Grécia Antiga, na Frígia e em Roma, havia sacerdotes conhecidos como galli, que alguns estudiosos acreditam ter sido mulheres trans. Foram encontrados registros de mulheres que se passaram por homens para votar, lutar ou estudar durante os tempos em que tais feitos eram proibidos para as mulheres.
O imperador romano Heliogábalo (falecido em 222), que preferia ser chamado de senhora, e não de senhor, procurou uma cirurgia de redesignação de sexo e foi considerado como uma das primeiras figuras trans da história.
Hijras, no subcontinente indiano, e kathoeys, na Tailândia, formaram comunidades sociais e espirituais do terceiro gênero transfemininas, desde os tempos antigos, e sua presença está documentada em textos milenares, que também mencionam figuras masculinas trans. A iconografia religiosa dessas culturas inclui representações de figuras andróginas, com corpos dotados de um lado masculino e um lado feminino, como Ardhanarishvara. Hoje, pelo menos meio milhão de hijras vivem na Índia e outro meio milhão em Bangladesh, sendo legalmente reconhecidas como o terceiro gênero, e muitas pessoas trans são aceitas na Tailândia. Atualmente, na Arábia, os khaniths, tal como os primeiros mukhannathun, cumprem o papel de um terceiro gênero, atestado desde os anos 600.
Na África, muitas sociedades têm papéis tradicionais para mulheres e homens trans, alguns dos quais sobreviveram na era moderna, ainda que em meio a grande hostilidade.
Nas Américas, anteriormente à colonização europeia, assim como nos dias atuais, em algumas culturas de povos nativos dos Estados Unidos, existem papéis sociais e cerimoniais reservados a pessoas do terceiro gênero, ou aqueles cuja expressão de gênero se transforma, como os navajo nádleehi ou os zuni lhamana .
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