Uma pernambucana foi às sociais mostrar o modo que utilizou para não usar máscara em ambientes onde o acessório ainda é obrigatório e foi alvo de muitas críticas. Na quarta-feira (23), Nathasha Borges contou em seu Instagram que fingiu ser autista para poder circular livremente pelo interior de um shopping center do Recife, sem que lhe obrigassem a utilizar o equipamento de segurança. A publicação causou revolta nos internautas, que a denunciaram, e foi derrubada em seguida pelo Instagram. Ontem, no entanto, Nathasha repostou a história em seu feed.
O caso chegou a Polícia Civil do estado, que abriu investigação.
A história tomou tanta dimensão que chegou à Polícia Civil e motivou um posicionamento da OAB-PE (Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco). Em nota, a Polícia Civil informou que, assim que tomou ciência do caso, identificou a mulher e a intimou a prestar esclarecimentos sobre o fato. A corporação indicou que ela vai depor na Delegacia de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana.
Já a OAB-PE repudiou a postura da mulher e destacou o que se passar por autista é crime. “Quem, publicamente, incita terceiros a se passarem por autistas, sem que exista um diagnóstico formal, e, sob esse pretexto, os motiva a não utilizarem máscara de proteção em ambientes públicos, com a finalidade de obter vantagem indevida, comete crime de estelionato previsto no Código Penal Brasileiro”, explicou Fernando Ribeiro Lins, presidente da OAB-PE, ao UOL. Ribeiro Lins acrescentou que a Lei federal nº 14.019, art. 3º, parágrafo 7º, citada por Nathasha em suas justificativas feitas nas redes sociais, tem efeito somente para os casos no quais o autista não consegue fazer uso da máscara.
Segundo ele, as pessoas que estão no espectro autista e que não se sentem incomodadas com o equipamento também devem fazer uso obrigatório da máscara. O presidente do órgão avaliou outras falas da mulher e destacou mais um crime. “No vídeo postado, no trecho em que a autora compara uma pessoa com deficiência, ferindo, assim, as determinações dos Arts. 5º e 88 da Lei Brasileira de Inclusão. É crime de discriminação”, disse. O presidente se refere a uma fala de Nathasha Borges em outro post, onde responde uma seguidora que havia criticado sua postura. No vídeo, ela emenda: “É melhor ser autista do que cachorro, para não usar focinheira”, afirma ela, se referindo à máscara.
Por nota, o shopping RioMar Recife disse que repudia quem usa de uma causa justa e coletiva para obter vantagens individuais. O centro de compras explicou o “segurança partiu do pressuposto da boa-fé solicitando a presença de um acompanhante, com uma abordagem educativa, uma vez que não temos poder de polícia”.
Fonte: Mulher finge ser autista e não usa máscara em shopping: 'Focinheira'