Comentarista da Globo, Ana Thaís Matos fala do trabalho na Copa do Mundo Feminina, lembra dificuldades e conta como será seu casamento

Fazendo a cobertura da Copa do Mundo Feminina, disputada na Austrália e na Nova Zelândia, a jornalista e comentarista da TV Globo Ana Thaís Matos diz que um dos principais desafios é a diferença de fuso horário. No Brasil, as partidas estão sendo transmitidas no começo da manhã:

— Diferentemente da Copa do Mundo Masculina, por exemplo, o campeonato brasileiro não parou. E tem outros campeonatos: Libertadores, Copa do Brasil… A gente está acompanhando tudo. Conseguir acordar para assistir a tudo é o maior desafio. Tenho dormido pouco, e isso faz parte do processo. Sobre os estudos, tem muita coisa que vem da memória e tem muita preparação também. Como eu venho fazendo os jogos do Brasil, eu tenho um espaço entre cada jogo. Consigo me preparar, assistir ao jogo novamente e fazer anotações que conseguem contar a história do Brasil.

Ela confessa que ser comentarista de futebol nunca foi um sonho, já que sempre gostou de fazer reportagem. Apesar disso, lembra-se, emocionada, do momento em que a oportunidade foi apresentada a ela, no final de 2018:

— Eu achava que eu ia comentar jogos e acabou. Eu fui entendendo o que eu representava, o que a TV Globo estava construindo. Foi um ciclo difícil, com algumas dificuldades, mas foi muito bonito. Eu tenho muito orgulho da trajetória que eu construí ao longo desses cinco anos. Acabei sendo pioneira dentro da Globo.

De origem humilde, Ana Thaís nasceu no dia 12 de março de 1985 no Jardim da Saúde, na Zona Sul de São Paulo. Após a separação dos pais, ainda bebê, passou a morar na Baixada do Glicério, bairro pobre no Centro da capital paulista. A mãe, dona Francisca, trabalhava como empregada doméstica e também vendia bandeiras de clubes no Estádio do Pacaembu para sustentar a família. Ao todo, são seis filhos.

A paixão pelo futebol começou na infância, aos 9 anos, embalada pela vitória do Brasil na Copa de 1994. Além disso, todos na família sempre assistiram a jogos, inclusive as mulheres. Ela até tentou ser atleta, mas acabou desistindo. Foi após ganhar uma bolsa do Pronui que começou a estudar jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e se tornou a única entre os irmãos a ter ensino superior. Antes de entrar no jornalismo esportivo, Ana Thaís chegou a trabalhar na área de arquitetura:

— Eu sempre quis fazer jornalismo, mas as circunstâncias me levaram a estudar arquitetura. Eu não fiz faculdade, não cheguei a me formar. Eu trabalhei na área em um escritório na parte administrativa. Precisava sobreviver e pagar as minhas contas. Nesse escritório, eu tive a oportunidade de trabalhar com essa área de arquitetura, onde eu fiquei por três anos e meio. Foi um processo pelo qual eu precisei passar. Eu era muito mais jovem, mas eu nunca quis ser arquiteta.

Com o sucesso na Globo, vieram também as críticas. A comentarista já foi alvo de xingamentos nas redes sociais e até registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo denunciando uma conta falsa no Twitter que se passa por ela. Ana sempre teve que lidar ainda com o machismo, inclusive nas redações. Ela avalia que houve avanços:

— Eu acho que se tornou um ambiente mais acolhedor. Os caras passaram a entender que a gente não está ocupando lugar de ninguém. A gente está criando novos lugares.

Após a Copa do Mundo, Ana Thaís Matos, de 38 anos, vai se concentrar nos preparativos de seu casamento com Rafael Falanga. A união está prevista para outubro de 2024. Em janeiro deste ano, a jornalista foi pedida em casamento pelo presidente da Mocidade Unida da Mooca durante um ensaio da escola de samba no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Os dois estão juntos desde abril de 2021:

— Eu comprei até um planner para me organizar. Eu não sabia o quão complexo era organizar um casamento. Eu tive duas experiências recentes, um casamento menor com recepção em casa, incrível, e outro imenso, para 500 pessoas. Foi muito legal também. Eu confesso que a gente ainda não bateu o martelo em relação a isso. Eu tenho certeza de que será em São Paulo, porque a família do Rafa é de lá e a minha, também. Não será na Igreja, não somos católicos. Muito provavelmente será uma cerimônia voltada para as coisas em que a gente acredita. Vestido eu também andei vendo algumas coisas, provavelmente farei com alguém aqui do Brasil mesmo. Não tenho essa de ficar importando vestido, porque nem é muito a minha cara. Eu quero que seja uma celebração dos meus amigos, das pessoas que gostam da gente. Espero que seja um momento de celebração para selar esta união, esta parceria.

Ela diz que não pretende ser mãe:

— Durante muito tempo eu achei que isso era um egoísmo meu, até entender que não. Eu curti muito os meus sobrinhos, principalmente um deles. Eu e minha mãe dividimos a criação, hoje ele tem 25 anos. Eu acho que ser mãe é um desafio muito grande. Eu tenho outros desafios. Eu também acho que eu comecei a curtir a minha vida bem mais velha, com mais de 30 anos. Eu sempre trabalhei muito, sempre tive dificuldades financeiras. Quando eu comecei a perceber que eu virei uma mulher adulta cheia de responsabilidades, eu fiquei: “Cara, o que eu vou fazer com uma criança? Para onde eu vou? O que vai acontecer no dia de amanhã?". Foi mais ou menos por isso que eu acabei não tendo vontade de engravidar. Isso não quer dizer que, no futuro, eu não possa ir para o caminho da adoção no sentido de que essa relação maternal é muito rica. Mas não está nos meus planos, de fato, ter filhos, gerados por mim.

Ana Thaís Matos e a mãe, dona Francisca, na formatura de 8ª série da jornalista. — Foto: Reprodução: Instagram

Ana Thaís Matos e a mãe, dona Francisca, na formatura de 8ª série da jornalista. — Foto: Reprodução: Instagram

Ana Thaís Matos foi pedida em casamento — Foto: Reprodução/Instagram

Ana Thaís Matos foi pedida em casamento — Foto: Reprodução/Instagram

1 curtida