Em 2015, o mundo esperava um futuro prometido pelo filme De Volta para o Futuro: carros voadores, skates flutuantes e roupas que se ajustavam ao nosso corpo.
No lugar disso, ganhamos algo mais modesto — um relógio que, à primeira vista, parecia apenas mais uma tela presa ao pulso. Não eram raros comentários dizendo que era “só uma extensão do iPhone” ou “só mais um acessório caro para quem já tem iPhone”.
Passada uma década, ele se infiltrou na nossa vida de um jeito quase imperceptível. Virou o companheiro que vibra para lembrar reuniões chatas, conta quantos passos damos (mesmo que só até a geladeira) e, vez ou outra, nos faz encarar a realidade com um alerta: ‘Você ficou sentado demais’.
Claro, ele não substituiu médicos — apesar de medir batimentos cardíacos —, e até hoje brigamos com a bateria que insiste em morrer no meio do dia. Mas, entre trocas de pulseiras (sim, ainda achamos caro) e atualizações que prometem melhorar tudo, ele se tornou parte do nosso cotidiano.
Em dez anos, o Apple Watch deixou de ser um acessório de luxo para se tornar uma ferramenta útil, que nos faz pensar duas vezes antes de sair de casa sem ele.
Início confuso
Em 2015, o Apple Watch chegou às lojas com um marketing ambíguo: era vendido como um objeto de luxo (a edição ouro de US$ 17.000 virou piada nas redes), mas também como uma ferramenta fitness.
A confusão de identidade gerou críticas. “Para que serve isso?”, questionavam usuários, enquanto influenciadores postavam fotos com versões de ouro e pulseiras de luxo da Hermès.
Mas a Apple, rapidamente, ajustou a rota. O Series 2 (2016) trouxe resistência à água e GPS integrado — um sinal de que o foco migrava para esportes.
Em 2017, a chegada do Apple Watch Series 3 iniciou uma nova fase para o relógio. Com conexão LTE, ele finalmente ganhou autonomia: dava para fazer chamadas, enviar mensagens e ouvir música sem precisar carregar o iPhone junto.
Isso abriu novas possibilidades. De repente, era possível correr no parque, ir à academia ou até passar um dia fora sem depender do celular no bolso.
Ao mesmo tempo, o sistema watchOS foi ficando mais rápido e intuitivo, deixando para trás aquelas primeiras tentativas meio confusas.
O Apple Watch começava, enfim, a andar com as próprias pernas.
De parceiro de treino a aliado da saúde
Se a liberdade do iPhone foi importante, a verdadeira revolução veio mesmo na área da saúde.
Com o Series 4 (2018), o relógio ganhou a capacidade de fazer eletrocardiogramas diretamente no pulso — um recurso que antes era exclusividade de clínicas e hospitais.
Depois vieram outros avanços: detecção de quedas, medição de oxigênio no sangue, alertas de ritmo cardíaco irregular… cada atualização tornava o Apple Watch ainda mais relevante para quem queria cuidar da saúde de forma prática e contínua.
E os relatos começaram a aparecer: gente que descobriu problemas cardíacos a tempo de buscar ajuda, usuários que receberam alertas que salvaram vidas.
O relógio já não era só um acessório. Era um verdadeiro assistente de saúde.
Muito além da tecnologia: o impacto cultural
O Apple Watch também mudou a forma como as pessoas enxergam a tecnologia no pulso.
Antes, smartwatch era coisa de nicho, para entusiastas de tecnologia. Com o tempo — e com parcerias como Nike e Hermès — o relógio virou item de moda, de status, de estilo de vida.
Ter um Apple Watch deixou de ser novidade para se tornar algo tão comum quanto usar fones de ouvido sem fio. Ele encontrou seu espaço — no mercado, no pulso das pessoas, e na cultura pop.
O Apple Watch hoje
Em 2025, o Apple Watch já não é um único produto, mas uma família inteira:
- Tem o Series 10, para quem quer o melhor da tecnologia.
- O Apple Watch SE, para quem procura custo-benefício.
- E o Apple Watch Ultra, para quem gosta de aventuras, trilhas, mergulhos e desafios extremos (ou simplesmente mostrar que pode comprar o modelo mais caro).
Agora, a Apple também pode integrar o relógio com novas tecnologias de inteligência artificial, prometendo tornar o dispositivo ainda mais proativo no cuidado com o usuário.
E o futuro parece promissor: rumores falam de sensores de glicose no sangue, medição de pressão arterial contínua e novas formas de monitorar nossa saúde sem sequer percebermos.
De acessório a essencial: 10 anos de transformação
O Apple Watch não mudou o mundo, mas mudou como nos relacionamos com a tecnologia no corpo. Ele não é perfeito — ainda nos irritamos com a bateria, rolamos os olhos para atualizações que “consertam o que nunca deveria ter quebrado” e suspiramos com o preço das pulseiras.
Mas, em uma década, ele conquistou seu espaço. Virou o dispositivo que você esquece que está usando — até ele lembrar que é hora de respirar fundo, beber água ou, quem sabe, olhar para o céu e imaginar como seria ter um carro voador.
Porque, no fim, o futuro nunca chega como esperamos. Ele chega devagar, num pulso de cada vez.
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