Os candidatos à comunidade são selecionados com entrevista pessoal, verificação de antecedentes criminais, questionário sobre herança ancestral e, às vezes, até mesmo fotos de seus parentes.
Os dois arquitetos da comunidade — um trompista com formação clássica que transmitiu ao vivo seus próprios vídeos de sexo e um ex-pianista de jazz preso, mas não acusado, por tentativa de homicídio no Equador — dizem que precisam confirmar pessoalmente que os candidatos são brancos antes que possam ser recebidos.
“Ver alguém que não se apresenta como branco pode nos levar, entre outras coisas, a não admitir essa pessoa”, disse um dos fundadores, Eric Orwoll, que trabalha como acadêmico platônico no YouTube, mas agora está focado em desenvolver 647 mil m² em Ravenden, Arkansas, em uma comunidade estritamente para pessoas brancas e heterossexuais chamada Return to the Land.
Tim Griffin, o procurador-geral do Arkansas, abriu uma investigação sobre potenciais violações legais por parte da Return to the Land após reportagens sobre a comunidade terem sido publicadas nos jornais The Forward e Sky News. Jeff LeMaster, diretor de comunicação do órgão, disse em um comunicado: “Continuaremos nossa análise deste assunto”.
ReNika Moore, diretora do programa de justiça racial da União Americana pelas Liberdades Civis, contestou as alegações da dupla de que o empreendimento é legal.
Mas a Return to the Land diz que vê uma abertura em um governo federal que expandiu os limites das leis e normas, especialmente quando se trata de raça.
“Eles veem este momento como um momento muito oportuno. Eles veem um amigo na Casa Branca, no mais alto nível”, declarou Peter Simi, professor de sociologia na Universidade Chapman, na Califórnia, especialista em violência extremista. “Eles se veem literalmente em vários cargos na administração, incluindo o Departamento de Justiça e o Departamento de Defesa”, acrescentou.
O momento, ressaltaram tanto Orwoll quanto Csere, é oportuno.
“Prefiro que o precedente seja estabelecido e a discussão seja travada enquanto houver um clima cultural e jurídico relativamente favorável”, disse Orwoll, de 35 anos. “Portanto, se vamos travar esta batalha — e é uma batalha que será travada em algum momento — é melhor que seja agora.”