O casamento entre primos em primeiro grau tem sido cada vez mais questionado no Reino Unido e em outras partes da Europa, especialmente no contexto médico, devido aos riscos de problemas de saúde para os filhos dessas uniões. Estudos, como o “Nascidos em Bradford”, que acompanha crianças na cidade britânica de Bradford desde 2007, têm demonstrado que filhos de primos em primeiro grau podem ter maiores chances de problemas de saúde, como transtornos genéticos recessivos, além de enfrentarem desafios em áreas como desenvolvimento de fala e desempenho escolar. A pesquisa revelou que esses filhos também apresentam mais consultas médicas ao longo do ano, um indicativo de que a consanguinidade pode ter um impacto mais amplo do que apenas os transtornos genéticos conhecidos.
Os dados do estudo mostraram que crianças de pais consanguíneos têm 6% de chance de herdar transtornos recessivos, como fibrose cística ou anemia falciforme, um aumento significativo em relação à média de 3% da população em geral. Além disso, essas crianças têm menor probabilidade de atingir um bom desenvolvimento em comparação com aquelas cujos pais não são parentes. A pesquisa é crucial porque foca não apenas nos problemas genéticos, mas também no impacto geral da consanguinidade, considerando fatores como o desenvolvimento cognitivo e físico das crianças.
O debate sobre o casamento entre primos ganhou força com o aumento das preocupações de saúde pública, como visto em países escandinavos, onde Noruega e Suécia recentemente proibiram a prática, citando o risco de anomalias genéticas e a pressão social sobre mulheres imigrantes. No Reino Unido, o político Richard Holden propôs um projeto de lei para proibir esses casamentos, enquanto o governo trabalhista se opõe, alegando que o país já oferece aconselhamento genético para casais de primos. Contudo, alguns defendem que uma proibição seria necessária, considerando os riscos para a saúde pública e a sobrecarga no sistema de saúde.
Entretanto, há também a preocupação de que uma proibição possa ter efeitos negativos, como a marginalização de certas comunidades. O pesquisador Sam Oddie, que trabalha em Bradford, sugere que a principal questão não é o casamento entre primos em si, mas a endogamia dentro de comunidades fechadas, onde o compartilhamento de genes é comum. Ele defende a educação genética como solução para aumentar a conscientização sobre os riscos, sem recorrer a leis restritivas. Além disso, ele observa que a conscientização tem levado a uma diminuição no número de casamentos entre primos na cidade.
Por outro lado, existem defensores da proibição, como o pesquisador Patrick Nash, que acredita que a legislação poderia melhorar a saúde pública, especialmente em comunidades onde a prática é mais comum. No entanto, a complexidade do tema também envolve questões culturais e sociais, com grupos argumentando que a proibição pode reforçar divisões étnicas e culturais, sendo mais eficaz a promoção de educação e apoio à escolha pessoal. O debate continua a evoluir, especialmente em contextos onde as tradições e os padrões culturais desempenham um papel significativo.