Quando o reator 4 da central nuclear de Chernobyl sofreu um colapso catastrófico em 26 de Abril de 1986, o núcleo de urânio atingiu temperaturas superiores a 1600˚C. O recipiente estava tão quente que o revestimento de zircônio que separava o combustível do fluido refrigerador começou a derreter e se combinar com o urânio, o aço, o concreto e a areia presentes para formar uma lava radioativa semelhante a vidro. Com o tempo, a lava derreteu através da base do vaso do reator e de vários andares do edifício antes de finalmente parar no porão, onde esfriou e solidificou.
O desastre de Chernobyl foi um acidente nuclear de proporções catastróficas, sendo considerado o maior da História, ocorrido entre os dias 25 e 26 de abril de 1986, no 4º reator da Usina Nuclear de Chernobyl, próximo a cidade de Pripiat, na Ucrânia Soviética. Ainda hoje, sempre é usado como referência comparativa de outros desastres do tipo, pois não só causou danos ao reator ou à fábrica, mas sim para toda uma região, espalhando material radioativo por uma área de 155 mil km².
Logo, mesmo hoje uma grande região dos países que atualmente chamamos de Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, segue inabitada, pois a radiação não se dissipou completamente, mesmo depois de quase 40 anos. E, quanto mais profundamente se adentra em Chernobyl, maior é a taxa de radiação a qual se expõe.
Sabendo disso, é possível começar a compreender os riscos de simplesmente existir próximo à essa região. Porém, em 1996 algumas pessoas resolveram explorar a antiga Usina Nuclear, a fim não só de registrar algumas fotos de como o local ficou devastado por dentro, como também medir o nível de radiação e compreender o que poderia ser feito para resolver aquilo. E lá dentro encontraram o que receberia o apelido de ‘pé de elefante’.
A primeira vista, o que se vê na foto parece uma espécie de cogumelo mutante gigante que brotou no chão de uma fábrica, com uma pessoa se mexendo próximo a ele. No entanto, essa grande massa se trata simplesmente de um dos, se não o, maiores perigos em Chernobyl: corium, uma das substâncias mais tóxicas já criadas.
Conforme explicado pelo Atlas Obscura estar na mesma sala que esse material radioativo, pouco depois da explosão do reator de Chernobyl, poderia matar alguém em minutos. Porém, não é pelo fato de a fotografia ter sido tirada uma década depois que já era tranquilo se aproximar, afinal, provavelmente foi a própria radiação do local que afetou o filme da câmera fotográfica, criando a aparência granulada na imagem.
No final da década de 1990, o recém-independente governo ucraniano — depois da dissolução da URSS — assumiu a usina e montou o Centro de Segurança Nuclear, Resíduos Radioativos e Radioecologia de Chernobyl. E rapidamente convidou outros governos a colaborarem com o projeto, a fim de desenvolver uma maior segurança nuclear, estando entre as instituições-membro o Departamento de Energia dos EUA, com a ajuda dos Laboratórios Nacionais do Noroeste do Pacífico (PNNL).
Na época, Tim Ledbetter, um contratado novo da PNNL ficou encarregado de criar uma biblioteca com fotos de dentro da Usina de Chernobyl, e por isso fez com que outros membros do projeto registrassem diversas imagens durante a visita à Ucrânia.
A partir delas, foi possível observar plumas radioativas que subiam na usina, envenenando toda a área, e bastões se liquefaziam abaixo, derretendo-se através do reator para formar uma substância chamada corium. Surgida após o derretimento do reator nº 4 da Usina de Chernobyl, ela fluiu pelo local como se fosse uma espécie de lava venenosa.
Logo, a massa cinza se depositou na esquina de um corredor de distribuição de vapor, ganhando então o apelido de ‘pé de elefante’. Com o decorrer dos anos, aquela lava venenosa esfriou pouco a pouco e rachou — mas, até hoje, acredita-se que seja levemente mais quente que o ar em seu entorno.