Dani Calabresa, grávida de 7 meses: ‘Quero viver tudo, sem regras. Estou transbordando de amor’
Humorista vibra com primeiro Dia das Mães e afirma que fertilização in vitro e ‘beleza da vida’ a ajudaram a superar um aborto espontâneo em 2022: ‘Olha quem está gerando uma brotinho de calabresa’
Por
Mariana Weber
— São Paulo
11/05/2025 04h30 Atualizado agora
Foram cinco anos de furacão hormonal, reviravoltas, dor e lágrimas até que Dani Calabresa, de 43, conseguisse contar, sorrindo, a história da gestação de Bernardo, seu primeiro filho com o publicitário Richard Neuman. “Tô tão feliz”, vibra ao conversar com a reportagem de ELA por meio de videochamada, direto de seu apartamento em São Paulo. Piadas, como sempre na vida da comediante, são inevitáveis. “Olha quem está gerando uma brotinho de calabresa”, diz, entrando no sétimo mês de gravidez, cercada por dezenas de bonecos Funko Pop. Nos mais raros deles, acha que o filho não botará as mãozinhas. Mas não crava, pois já percebeu que a maternidade é uma constante revisão de certezas.
A escolha pelo processo de fertilização in vitro foi a primeira delas. “Estávamos felizes juntos, em busca da nossa sementinha. Era como cuidar de um jardim, esperando vir a flor.” Em 2022, com embriões já congelados, Dani engravidou naturalmente e perdeu o bebê, às vésperas da cerimônia de casamento com Richard. “Quando descobri a gravidez, tive o dia mais feliz da vida, e depois, a maior tristeza.” Antes da próxima tentativa, viveu o momento amargo do luto. “Cada um tem uma forma de lidar com o que não sai como o esperado. No seu tempo, mas sem paralisar”, conta.
Dani e Richard se conheceram em 2019. Ambos vinham de casamentos anteriores — ela, de uma relação com Marcelo Adnet, encerrada de um jeito tumultuado. No dia seguinte ao encontro com Richard, conta, já estava apaixonada. Teve receio de se entregar, mas foi, com medo mesmo e não se arrepende. O parto de Bernardo está previsto para julho, assim como o lançamento do filme “Mamãe saiu de férias”, em que interpreta uma mãe de quatro, e a apresentação do Prêmio Multishow de Humor. “Tudo no mesmo mês. Socorro!”, brinca, com a cancha de quem começou a atuar aos 5 anos de idade e agora busca desacelerar. “Quando der, farei uma peça ou um filme, mas já foi a fase de falar ‘sim’ para tudo e topar show de domingo a domingo’. Se não sair tudo conforme o planejado, tudo bem. É a beleza da vida”. Confira a entrevista a seguir:
Você vive cercada de bonecos e adora a Disney. Como sua criança interior tem se preparado?
Sempre falo do meu cachorro, o Pingo — “Você vai ser citado, a mamãe te ama muito” (diz para o cão) —, que é um amor que eu não sabia que existia. Carregando o bebezinho, acho que vai ser até maior. Mas não tenho como planejar. Tenho amigas que ficavam me apavorando: “Quero ver quando chegar sua vez! Seu bico vai cair, ficar pendurado. Não vai dormir, se prepara”. Há quase um prazer em apavorar as futuras mães, tipo ‘“ai pra Disney agora porque depois, já era”. Sinceramente? Do fundo do meu coração: eu acho importante a troca, para não romantizarmos a gravidez, mas esse terrorisminho é desnecessário.
De tão feliz, você nem parece ansiosa…
É, minha filha, muita terapia. Quem diria, né? Estou curtindo, feliz. Silenciei essas pessoas porque quero ver como Bernardo vai ser, quantas horas vai dormir, se vai mamar. Quero viver tudo, sem regras. Estou transbordando de amor. Pode ser que daqui a dois anos eu diga, com a olheira na virilha, que tá pesado. Mas há beleza até no perrengue. É igual no humor. O perrengue de hoje vira o stand-up de amanhã.
Ser mãe sempre foi um sonho?
Nunca foi um sonho-prioridade. Não fui do tipo que brincava com boneca-bebê. Preferia miniaturas, Barbie, marionetes. Tinha amigas que diziam: “Vou ter duas meninas e um menino”. Eu não. Queria ser sereia. Quando minha irmã teve filho, há 14 anos, deu vontade. Mas a vida vai acontecendo, trabalho, mil coisas. E, no começo do namoro, em 2020, o Richard perguntou: você tem vontade de ser mãe? No mesmo dia, minha mãe mandou uma mensagem sugerindo uma médica de fertilização. Falei: “É Deus”. E a gente fez o congelamento (de embriões).
Como foi o processo de fertilização in vitro?
Foram três tentativas. Na primeira, um bom número de óvulos, mas muitos descartados. Tentei de novo em 2021 e não consegui. Na terceira, consegui mais alguns e, com “leite do papai”, tivemos embriõezinhos congelados.
Tirou uma “pressa” do relacionamento?
Podia ser que não rolasse. Mas tentamos juntos. Aí fomos para um capítulo muito, muito triste. Em 2022, marcamos nosso casamento para novembro. E, em setembro, engravidei naturalmente. Foi uma sensação de milagre: sou capaz de gerar uma vida. Num outro exame, o coração não batia mais. Perdi o bebê com nove semanas. Então fui para o hospital. Lembro de portas com bichinhos e uma porta normal. Entrei nessa porta. Me deram um remédio para ver se o meu corpo expelia o feto. Tive cólica, sangrou, demorou, e não saiu. Ele foi retirado no centro cirúrgico. Era uma quinta, em São Paulo, e eu tinha um filme para fazer no Rio, com diárias sexta, sábado e segunda.
Foi filmar no dia seguinte?
Fui vestida de fada com um absorvente enorme que parecia um colchonete. Era um filme maravilhoso da Xuxa, “Uma fada veio me visitar”. Estava só meu corpo, no automático, como se um controle remoto tivesse dado um “pause” na minha alma. Quando terminou, dei o “play” no sofrimento. Chorei por uma semana. Vivi todas as fases do luto: arrasada, triste, e, depois muito ódio, questionando por que a mulher tem que passar por dor física e emocional sozinha. O Richard foi amoroso, lembrou que tínhamos embriões e não havia pressão. Trabalhei, trabalhei, trabalhei e, no final de 2023, pensei: “Será?”. Então, em 2024, filmando “Mamãe saiu de férias” e convivendo com crianças, percebi que queria aquela carga de amor e a mudança na minha vida. Foi tudo muito conectado. Não para tampar um buraco de outra gestação, mas como uma conclusão de um percurso que a gente começou desde que se apaixonou e ficou com vontade de ter um bebê.
De que forma conheceu o Richard?
Foi numa festa no fim de 2019. Tinha feito amizade com a galera do “Dança dos famosos”, e um dos amigos do Richard estava namorando a Regiane Alves, que também participou do programa. Conversamos muito e fui para a casa dele às 6h da manhã, porque ele precisava passear com o Pingo. Aí eu já estava apaixonada. Mas deu tanto medo. Falei para a minha terapeuta: “Será que ele é legal mesmo?”. E lembro que ela falava isso: “Você só vai saber vivendo. Se ele não for, você vai levantar, vai colar os pedaços e segue, vai se fortalecendo”. Não dá para se blindar e falar: não vou me apaixonar. Já tem tanta cobrança para as mulheres, tantos prazos. O óvulo perde qualidade — mas dá para congelar, dá para tentar. E para o resto da vida não tem prazo. Dá para mudar de carreira, amar de novo aos 70.
O medo veio do relacionamento anterior, com Marcelo Adnet?
Passar por um divórcio já é difícil. Com traição exposta em praça pública é como viver um luto cercada de plateia. Por ser famosa, as pessoas se interessam mais, é claro. Todo mundo quer ver como você vai cair — e poucos se preocupam se vai conseguir levantar. Descobri uma força que nem sabia que tinha. E, sinceramente, o mais curioso disso tudo é ver como, até hoje, a pergunta sobre o divórcio é feita pra mim, como se eu fosse a responsável por explicar o que aconteceu. A mulher sempre tem que dar conta da dor e sorrir no final. Mas já deixei de ser a mocinha que precisa agradar. Respondo porque escolho falar, não porque devo satisfações. Hoje sou amiga do meu ex-marido. O Richard é amigo do meu ex, eles se falam. Sou amiga inclusive da mulher atual dele. Todo mundo bem. O destino fez sua parte. O que importa é que estou casada, grávida e feliz.
E como anda a libido na gestação?
Teve altos e baixos, como acontece na vida. Teve momentos em que me senti mais animada e outros em que o sono falou mais alto, mas, no geral, está sendo uma experiência gostosa.
Como vê as mulheres no humor de hoje?
Não acho que a gente esteja perto de uma equidade de espaços, mas analisando minha vida — eu criança e hoje comediante — vejo uma grande evolução. Quando era pequena, assistia “Viva o Gordo”, “Trapalhões”, “Chico Anysio”, programas protagonizados por homens, com mulheres gostosas passando de collant, ou peladas, fazendo papel de burras… Mas também via coisas boas surgindo: “Escolinha do Professor Raimundo” com Dona Catifunda, Dona Cacilda; “TV pirata”, com Cláudia Raia e Débora Bloch, “Sai de baixo” com Marisa Orth. E aí vieram Ingrid (Guimarães), Lolô (Heloísa Périssé), todas arrombando a porta para que eu pudesse vir também: eu, a Tatá Werneck, a Miá Mello, a Katiuscia. Parece uma linha do tempo mesmo.