Descubra os detalhes dos cenários de Lasca Fogo e Lapão da Beirada, onde moram os personagens de ‘No Rancho Fundo’, que estreia amanhã

Se há algo que enche os olhos dos telespectadores de novelas são as cidades cenográficas. Em “No Rancho Fundo”, trama das seis da Globo que estreia nesta segunda-feira (15), não vai ser diferente. A história é conduzida pela pura Quinota (Larissa Bocchino), filha de Zefa Leonel (Andrea Beltrão), que se apaixona por Marcelo Gouveia (José Loreto), um galanteador, que mora no município de Lapão da Beirada. A mocinha, no entanto, vive num rancho em Lasca Fogo, com toda a sua família. Anne Bourgeois, a cenógrafa que lidera a equipe por trás dos cenários, revelou que sua inspiração para a obra de Mario Teixeira veio de suas viagens pelo Norte e Nordeste do Brasil, onde coletou referências reais.

— Essa grande colagem de referências resultou numa estética particular. É uma verdadeira colcha de retalhos — compara Anne.

Descubra os detalhes dos cenários de Lasca Fogo e Lapão da Beirada, onde moram os personagens de ‘No Rancho Fundo’

A casa dos Leonel Limoeiro em Lasca Fogo, na novela "No Rancho Fundo", foi inspirada em residências coloridas de Pernambuco

O Grande Hotel São Petesburgo é o destaque da cidade cenográfica de Lapão da Beirada, de "No Rancho Fundo" — Foto: Fabio Rocha/Globo/divulgação

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A rua Vileganhon é a principal de Lapão da Beirada em "No Rancho Fundo"; na foto: igreja ao fundo, cercada por barbearia, loja de refrescos, de doces, de sapatos e uma cafeteria

Locais fictícios foram construídos nos Estúdios Globo, na Zona Oeste do Rio, e ocupam milhares de metros quadrados

Lapão da Beirada é retratada como uma cidade em movimento, impulsionada pelo desenvolvimento econômico advindo da exploração das jazidas da região. Através da cenografia, os telespectadores verão uma paisagem urbana com construções imponentes e sofisticadas, como o icônico Grande Hotel São Petesburgo (nas fotos desta página). Ele tem tem lobby, bar, porta giratória, jardim externo e uma decoração interior marcante.

— A estética do hotel é sofisticada, apesar do uso de materiais rústicos. A composição do mobiliário, dos tecidos decorativos e afrescos nas paredes imprime uma distância estética do rancho da família Leonel — explica Anne.

O Grande Hotel São Petesburgo é o destaque da cidade cenográfica de Lapão da Beirada, de "No Rancho Fundo" — Foto: Fabio Rocha/Globo/divulgação

O Grande Hotel São Petesburgo é o destaque da cidade cenográfica de Lapão da Beirada, de “No Rancho Fundo” — Foto: Fabio Rocha/Globo/divulgação

O hotel fica na Rua Vileganhon, que faz as vezes das elegantes avenidas de grandes metrópoles. A cenógrafa lista as lojas que se reúnem nesse endereço:

— Lá tem loja de perfumes, de flores, de roupas e de decoração, salão de beleza, ótica, restaurantes, sorveteria, joalheria, barbearia, hotel, igreja, prefeitura, residências e até cemitério. Nem todas as fachadas tem interior, mas todas elas tem ao menos vitrines com produtos — descreve Anne.

Elementos como platibandas (moldura ou faixa horizontal na parte superior de uma construção, que tem como finalidade esconder o telhado, as calhas, a caixa d’água etc.), comuns no interior do Nordeste e e em cidades históricas do Brasil, criam uma atmosfera única. Fachadas adornadas com placas luminosas fazem o luxo se mesclar com a história e a tradição.

— Amo a arquitetura de platibanda, essas cores… Temos uma fábula, então pudemos construir esse lugar que não existe, mas que, ao mesmo tempo, carrega uma estética tão comovente que há no coração do nosso país — afirma a profissional.

A rua Vileganhon é a principal de Lapão da Beirada em "No Rancho Fundo"; na foto: igreja ao fundo, cercada por barbearia, loja de refrescos, de doces, de sapatos e uma cafeteria — Foto: Fábio Rocha/Globo/divulgação

A rua Vileganhon é a principal de Lapão da Beirada em “No Rancho Fundo”; na foto: igreja ao fundo, cercada por barbearia, loja de refrescos, de doces, de sapatos e uma cafeteria — Foto: Fábio Rocha/Globo/divulgação

O diretor artístico Allan Fitterman ressalta que a cidade cenográfica de Lapão da Beirada foi construída numa área de 6,7 mil metros quadrados nos Estúdios Globo.

— É como se fosse uma cidade tombada. Temos um ambiente colorido, e as cores são quentes. Existe algo retrô e anacrônico ao mesmo tempo, já que a novela é contemporânea. Temos pessoas no celular e elas falam sobre questões atuais, mas também mostramos que ainda existe uma família sem luz, em Lasca Fogo, uma cidade próxima que parou no tempo de certa forma.

É o caso da família Leonel Limoeiro. Os protagonistas ainda vivem à base de velas e lamparinas no rancho. A residência foi inspirada em construções de Pernambuco e foi construída numa área de cerca de 3,5 mil metros quadrados.

— Em Lasca Fogo, também optamos pela platibanda. Mas a casa dos Leonel é desgastada e cercada de cactos, com chiqueiro, galinheiro… Como não tem luz, contrasta com a paleta de cores e placas luminosas de Lapão da Beirada — diz Anne.

A cenógrafa destaca os desafios enfrentados ao trazer o sertão para os Estúdios Globo:

— Tivemos que retratar a vegetação e a aridez. Além disso, utilizamos materiais específicos, como adobe, paus-a-pique, pinturas caiadas com pigmentos naturais e telhas de coxa, para criar uma atmosfera autêntica. Fugiu do convencional!