Aos 23 anos, Felipe Ricca vai se graduar no fim deste ano em Artes Cênicas pela Casa das Artes de Laranjeiras. Apesar de ser filho de dois atores consagrados, Adriana Esteves e Marco Ricca, ele conta que seguir a profissão não esteve nos seus planos durante muito tempo na vida.
— Sempre achei que atuação não era para mim. Sou um cara mais reservado e tímido. Então, apesar de gostar muito das artes cênicas, eu a relacionava com uma exposição que eu não queria ter. Cresci vendo os meus pais passando por isso. Acabei criando uma certa resistência. Nos últimos anos, no entanto, senti uma necessidade enorme de estudar teatro. Ao começar, me encantei totalmente pelo ofício — diz Felipe, que também é músico.
Um dos motivos que levaram Ricca a sentir essa necessidade de estudar teatro foi um drama pessoal vivido durante a pandemia. No fim de 2020, seu pai foi internado com Covid por mais de 15 dias e chegou a ser intubado após complicações causadas pela doença:
— Foi algo que me abalou bastante. Ao mesmo tempo, o meu amigo com quem eu tinha um projeto musical decidiu estudar fora do país. Eu me vi numa situação sentindo um vazio enorme e precisava compreender o que era para preenchê-lo. Eu pedi uma ajuda divina e senti que a resposta seria estudar artes cênicas. Desde que eu comecei, a atuação e a música se completaram de tal forma que eu passei a me reconhecer de uma forma incrível.
Ele conta que sempre conversou muito com os pais sobre o ofício e que hoje em dia não é diferente:
— O meu encanto com o teatro veio muito pelo meu pai. Ele sempre falou sobre esse tema de uma forma muito romântica. Na adolescência, eu confesso que tinha um pouco de preguiça de ouvir aquelas conversas todas. Mas, depois de começar a estudar, elas (as conversas) voltaram à minha memória, e eu me emocionei demais. Hoje em dia, como também estou trabalhando na área, temos muitas trocas.
Outro grande apoiador é o padrasto, Vladimir Brichta.
— O Vlad é um grande parceiro eu tenho na vida. Ele é fundamental e me ensina demais — diz ele, que inclusive fará sua estreia no audiovisual em “Pedaço de mim”, série da Netflix protagonizada por Brichta e Juliana Paes: — Foi um aprendizado incrível. Agora, estou muito focado no teatro. Na faculdade, estamos montando “Sonho de uma noite de verão” (clássico de Shakespeare) para apresentar em novembro. Tenho também algumas outras ideias para os palcos. E espero outras oportunidades no audiovisual, pois não sou ator de recusar trabalho.
Ele acrescenta que não teme comparações pelo fato de estar cercado por nomes conhecidos na família:
— Justamente por essa exposição que vem junto com a profissão acho que temos que lidar com todo tipo de opinião. Mas hoje, aos 23 anos, me vejo preparado para lidar com isso. E acho que, se eu trabalhar duro e valorizar as coisas boas, essa pressão não vai ser tão grande assim.
Vladimir Brichta com sua filha Agnes e seu enteado Felipe Ricca — Foto: Cristina Granato