Ex-Paquita Luise Wischermann, a primeira Pituxa, fala do documentário do Globoplay e do diagnóstico de esclerose múltipla

Primeira assistente de palco da Xuxa a ganhar o apelido de Pituxa, Luise Wischermann conta que já assistiu ao primeiro episódio da série documental “Pra sempre paquitas”, que estreia nesta segunda-feira (16) no Globoplay:

— Está muito divertido e bem dirigido. Eu fico impressionada quando vejo tudo o que fazíamos no começo, naquela época em que a Xuxa estava iniciando. Viajávamos para fazer shows, ajudávamos no palco, enchíamos balões… Era muito trabalho, mas foi o máximo. Eu fiz 50 anos em 2024 e tem 35 que eu deixei de ser Paquita. Assistir ao primeiro episódio foi muito emocionante. Como já tinham duas meninas com o traje azul, eu fui a primeira a usar a roupa vermelha. Depois entrou a Catu, a Ana Paula Guimarães, que também usava vermelho. Inclusive, foi ela quem ganhou o teste, não foi a Luciana Vendramini, não — dispara.

Luise se refere ao concurso nos anos 80 para encontrar uma nova assistente de palco para Xuxa. Luciana Vendramini disputou o cargo com Ana Paula Guimarães, que acabou levando a melhor. Luise entrega que o documentário abordará essa questão em um de seus episódios:

— No documentário é tão engraçado, porque alguém da televisão entrevista a Luciana Vendramini, que nunca foi Paquita, mas fala que foi. Nesse programa, acho que era o “Domingão do Faustão”, ela fala que trabalhou lá por oito meses. Às vezes, levar um não é muito difícil, então você prefere acreditar na sua realidade.

A história de como Luise se tornou Paquita é inusitada. Ela conta que o convite surgiu diretamente da diretora Marlene Mattos:

— Eu não fiz teste. A Xuxa morava no meu prédio, na cobertura. Um dia, o papagaio dela voou e caiu na minha cozinha, no primeiro andar. Ela deixou um recado no prédio dizendo que ele tinha fugido, e, quando eu cheguei do colégio, fui avisar onde ele estava, mas a Xuxa não estava em casa. De noite, eu já estava deitada para dormir, quando a minha mãe bateu na porta do meu quarto e falou: “O Pelé está na minha sala”. Eu perguntei o que houve, e ela explicou: “O Pelé está na minha sala e a moça está deitada lá na cozinha brincando com o papagaio”. Foi assim que conheci a Xuxa. Uma semana depois, em 1986, eu estava toda suja pintando a rua para a Copa do Mundo e vi o carro da Xuxa entrando na garagem. Encontrei ela e a Marlene no elevador. Foi quando a Marlene me convidou para ser Paquita. Comecei a rir e perguntei “O que é Paquita?” Ela me explicou que a Xuxa estava saindo da TV Manchete e indo para a Globo, e que as Paquitas seriam as ajudantes dela. Fui e fiquei três anos e meio lá.

Luise conta como era a sua relação com Xuxa e Marlene durante o tempo em que ficou no “Xou da Xuxa”:

— A Xuxa sempre foi de boa, ela é irmandade. A Marlene sempre foi um general. Uma vez, ela me chamou para conversar porque uma mãe tinha reclamado que uma Paquita tinha empurrado a filha dela. A Paquita tinha a roupa vermelha. A Marlene me deu uma bronca na frente de todo mundo, me xingou. Eu falei: “Parei por aqui”. Tirei a roupa de Paquita, joguei em cima da mesa e fui embora. Eu saí por duas semanas. Depois a Xuxa foi na minha casa com a Marlene pedir para eu voltar — afirma. Questionada se Marlene pediu desculpas, Luise dispara: — Claro que não. Ela não conhece essa palavra.

Em 2005, Luise foi diagnosticada com esclerose múltipla. Ela conta como lida com a doença e o que mudou no seu estilo de vida:

— Primeiro foi um choque, porque eu não sabia o que era. Eu achava que ia ficar esquecida de tudo, com Alzheimer. Mas você vai aprendendo, vai fazendo as coisas. A doença muda um pouco o estilo de vida, muda a dieta, mas hoje em dia eu vivo muito bem com isso. Apenas em dias mais intensos, quando estou muito cansada, eu uso a minha bengala, que eu chamo de colega, para me dar um apoio maior. Eu não sou vegana, mas parei de comer animais. Eu não como carne vermelha há muitos anos, e também não estou gostando de comer frango, peixe… O jeito como matam os animais é horrível. É uma crueldade, não tem motivo para, hoje em dia, em 2024, fazer os animais passarem por isso. Mas eu como ovo, queijo…