Folha: Por que Odete Roitman ainda merece morrer?

Qualquer pessoa ligada em “Vale Tudo” sabe que Odete Roitman é a personagem mais carismática da novela. Mas foi uma surpresa ver, na pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (18), que só 4% do público quer vê-la ser assassinada outra vez.

Sinto muito, mas vai ser preciso matar a dona da TCA. Odete não se tornou um ícone apenas por ser o melhor retrato da nossa elite, mas também pela ousadia de seus autores em dar a ela um destino que ninguém esperava.

É verdade que falamos em duas Odetes diferentes. A de 1988, vivida por Beatriz Segall, era ainda mais arrogante que a de agora, falava francês a cada quatro cenas (muitas vezes com legendas) e era mais comedida no trato com seus boys magias.

A nova Odete segue arrogante, mas consegue ser mais carismática em várias frentes: ela diz sempre a verdade, doa a quem doer, e nós a invejamos porque gostaríamos de ter a mesma coragem; e não perde a chance de erguer a bandeira feminista contra homens que morrem de inveja do seu poder.

Além de ser morta, o Datafolha propunha aos entrevistados outros dois finais para Odete: ficar pobre (voto de 47%) ou ser presa (35%). Como noveleiro xiita, não aprecio finais brandos. Até hoje não me conformo que a Carminha (Adriana Esteves), depois de aprontar as maiores barbaridades, até enterrar a Nina viva e matar o Max, terminou seus dias calminha e reconciliada no lixão da Mãe Lucinda, dando um lindo abraço na nora em “Avenida Brasil”.

Também achei pouco quando a megavilã Branca (Susana Vieira) terminou seus dias apenas solitária em sua mansão, tendo como única companhia a fiel copeira Zilá.

A grande inimiga de Helena merecia no mínimo a miséria. Bom mesmo foi ver Nazaré (Renata Sorrah), depois de roubar uma criança pela segunda vez, se jogar do alto de uma ponte para desaparecer nas águas turbulentas de uma represa. Ou Cristina (Flávia Alessandra) ser levada para o inferno pelos espíritos da sombra em meio às labaredas. “Absolute novela”!

Por isso Odete merece ser morta. Não por motivos éticos (ela é corrupta, mas isso ninguém parece ligar muito hoje em dia), mas por motivos puramente dramatúrgicos –é o melhor final, o mais surpreendente, e só o mistério do “quem matou” pode fazer dela mais uma vez a maior vilã da história das novelas.

A lista de suspeitos

E já que tudo indica que Odete morre mesmo no próximo dia 6 de outubro –a não ser que o Datafolha mude o rumo das decisões de Manuela Dias–, aqui vão meus votos para assassinos da bilionária. Tia Celina ia render um final espetacular, já que é a única ali humilhada pela irmã desde que nasceu. Malu Galli brilharia lindamente na cena. Mas como a autora preza pelo feminismo em sua história, duvido que escolha uma assassina mulher.

Entre os homens, Marco Aurélio vai ser uma solução bastante óbvia –pela guerra que já vem travando com Odete, e também por ser o marido da assassina de 1988. César não parece ter inteligência ou sangue frio para uma agressão dessa monta. Mário Sérgio pode ser uma opção interessante, se for pensado um motivo bem surpreendente. Será que ele e Odete seguiram amantes até o fim, sem o público saber?

Eugênio seria uma grande surpresa, mas o mordomo dos Roitman foi tão insignificante ao longo da novela que a sua revelação como assassino não teria peso algum. Alguns andam apostando em Leonardo, o filho escondido de Odete, mas a coisa beiraria o absurdo –quem sabe se ele fizer isso com a ajuda da maquiavélica Ana Clara?

E também já estão dizendo que Odete pode fingir a própria morte e aparecer vivinha da silva no final. Façam suas apostas até o próximo dia 17!