O que ocorreu, na verdade, foi que parte dos empregados ativos teve um desconto de 75%, relativo ao equacionamento do déficit do Plano de Benefício Definido (PBD) realizado pelo instituto de previdência complementar dos empregados da estatal, o Postalis. Dos mais de 85 mil empregados ativos, 39.911 tiveram o desconto no 13º salário. O acordo havia sido realizado em fevereiro de 2020.
Os Correios assinaram um contrato para pagar R$ 7,6 bilhões ao fundo de pensão para cobrir rombo referente ao plano de aposentadoria. O valor representa metade da dívida, de R$ 15 bilhões. A outra metade será paga por trabalhadores, aposentados e pensionistas da estatal.
De acordo com reportagem do Estadão, os investimentos realizados entre 2011 e 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, resultaram em um prejuízo de R$ 4,7 bilhões.
Sobre os trabalhadores dos Correios arcarem com parte da dívida, o Postalis explica que, em todos os fundos de pensão, os participantes têm representantes eleitos na mais alta administração: os Conselhos Deliberativo e Fiscal. “A lei determina a paridade entre patrocinador e participantes de fundos de pensão no pagamento de déficits ou na distribuição de eventuais superávits".
Servidores estão indignados com o confisco de quase todo o 13º salário após o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, reconhecer uma dívida da estatal com o Postalis, fundo de pensão dos funcionários, que ultrapassa os R$7,5 bilhões. O processo corria na Justiça, mas, a assinatura do Contrato de Confissão de Dívida, em fevereiro deste ano, antecipou o pagamento da montanha de dinheiro. O fundo de pensão foi usado em investimentos pelo Banco Mellon, mas só trouxe prejuízo.
Já te vi
O Postalis já teve como defensor o escritório Mollo & Silva, que até 2022 tinha como sócio Fabiano, hoje do outro lado do balcão, nos Correios.
Meteram a mão
A decisão impôs o desconto de 75% a servidores dos Correios, ativos e inativos, participantes do Postalis BD, do Postalis.
Amigo da onça
Documentos recebidos pela coluna mostram que há servidores, pegos de surpresa, que vão ganhar no 13º a merreca de R$90.
Fala, Correios
À coluna, os Correios não falaram sobre o desconto, negaram conflito de interesse e dizem que Fabiano não é sócio Mollo & Silva desde 2022.
Com o confisco do 13º salário, funcionários receberam até contracheque zerado
Perversidade: confisco no 13º salário dos funcionários dos Correios é vitalício
A canetada do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, que surpreendeu funcionários da empresa e adiantou o confisco de uma fatia considerável do 13º salário dos trabalhadores, traz outra perversidade: o Contrato de Confissão de Dívida, assinado por Fabiano, estabelece que é vitalício o desconto para pagar a dívida de mais de R$7,5 bilhões do Postalis, sistema de previdência complementar dos empregados. Funcionários denunciam à coluna que receberam contracheque zerado.
Mar de dinheiro
O contrato de confissão de dívida estabelece desconto de mais de R$5,2 bilhões “financiados em parcelas mensais e vitalícias”.
Ruim pra geral
Mais R$2,3 bilhões serão quitados, em 360 meses, com redução no valor de benefícios futuros de participantes e assistidos (pensão e pecúlio).
Metade da empresa
Com a crise se avizinhando, o governo corre para minimizar o escândalo, mas admite que 39.911 funcionários tiveram desconto neste 13º salário.
Casos de família
No Congresso, parlamentares se mobilizam para investigar o escândalo. Desconfiam do elo de Fabiano e escritório da esposa que atuou no caso.