Curiosamente, uma novela de 2012 não faz parte do cardápio do Globoplay e nem poderá ser relançada dentro do projeto Resgate. Além disso, ela não poderá ser reprisada na própria TV Globo ou em outros canais do grupo.
Trata-se de
Gabriela, folhetim estrelado por nomes como Juliana Paes e Vanessa Giácomo que foi exibido no horário das onze naquele ano. A Globo não pode resgatar ou reprisar a trama porque os direitos da obra pertencem à Warner.
Adaptação literária
Gabriela foi escrita por Walcyr Carrasco e é baseada em Gabriela, Cravo e Canela, romance de Jorge Amado. O livro em questão, lançado em 1958, já rendeu outras adaptações no audiovisual.
A primeira obra televisiva baseada no romance de Jorge Amado foi a novela Gabriela, Cravo e Canela, produzida pela TV Tupi em 1961. Trata-se de uma versão pouco conhecida da história, que foi estrelada pela corista Janete Vollu.
Porém, em 1975, o romance ganhou sua mais consagrada adaptação. A novela Gabriela, escrita por Walter George Durst, imortalizou Sonia Braga no papel-título. Tanto que, em 1983, a atriz voltou a interpretar tal personagem, desta vez nos cinemas, no longa Gabriela, Cravo e Canela, dirigido por Bruno Barreto.
Direitos
O filme Gabriela, Cravo e Canela lançado em 1983 está diretamente ligado ao fato de a Globo não poder resgatar a produção exibida em 2012. Isso porque, na década de 1980, a Warner Bros. adquiriu os direitos da obra de Jorge Amado para distribuir o longa nos cinemas.
Assim, até hoje, os direitos do romance pertencem à Warner. Para realizar a versão de 2012 da história, a Globo teve que negociar com a gigante internacional. Tanto que o logotipo da Warner aparecia todos os dias, nos créditos finais da novela, avisando que a trama era licenciada pela Warner Bros. Int. TV Productions.
A negociação foi válida para a produção e exibição de Gabriela no período em que a trama foi ao ar. Mas não valia para outras plataformas. Como os direitos da obra de Jorge Amado estão nas mãos da Warner até hoje, a Globo não pode voltar a exibir a novela ou disponibilizar sua íntegra no Globoplay.
Gabriela na Record?
Por muito pouco, a Record não chegou a produzir sua própria versão de Gabriela. A emissora de Edir Macedo, empolgada com o sucesso de sua adaptação de A Escrava Isaura (2004), cogitou refazer a obra de Jorge Amado.
O romance de Bernardo Guimarães rendeu uma das mais clássicas novelas da Globo, Escrava Isaura (1976), estrelada por Lucélia Santos. A Record, então, resolveu fazer sua própria versão da obra, que foi um grande sucesso e responsável pela retomada da teledramaturgia da emissora.
Com isso, o diretor Alexandre Avancini cogitou repetir a fórmula, desta vez com a história de Jorge Amado. Ele chegou a afirmar que sua ideia não era replicar o trabalho de seu pai, o diretor Walter Avancini, que dirigiu a primeira adaptação da Globo.
Meu pai era um gênio, inventou o gênero e ninguém fará uma novela melhor que ele. Vou contar a história com minha visão, sem tentar repetir o que ele fez”, disse, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no início de 2006.
No entanto, a ideia acabou não avançando.