| Antenas do projeto científico norte-americano Haarp na cidade de Gakona, no Alasca
As inundações no Rio Grande do Sul tomaram uma proporção nunca antes vista, afetando 388 dos 497 municípios do estado.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que a causa do problema é complexa e tem como raiz a combinação dos três fatores principais: corrente intensa de vento, corredor de umidade vindo da Amazônia e uma onda de calor na região central do país.
Mas, ainda que a ciência atmosférica consiga explicar a catástrofe ambiental, em paralelo, teorias conspiratórias ganham força.
Uma, em especial, chegou a despontar nas buscas do Google na última semana e esteve entre os assuntos mais comentados do X, antigo Twitter.
Nas redes sociais, perfis chamam a tragédia climática no Rio Grande do Sul de “calamidade planejada” e apontam, entre outras supostas evidências, um padrão anormal das nuvens.
O que é o Haarp e por que ele NÃO pode causar desastres ambientais?
O projeto Haarp tem um enfoque específico na ionosfera, a camada da atmosfera terrestre localizada entre 80 e 640 km acima da superfície da Terra.
“Não existe a chance de qualquer evento climático ser desencadeado em uma camada atmosférica tão elevada, já que nuvens e correntes de ar são formadas na troposfera, ou no máximo na estratosfera, que são as camadas mais baixas, até cerca de 20 km de altitude”, explica Thiago Rangel, professor de Física da Atmosfera do programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
As antenas Haarp não têm qualquer influência nos fenômenos meteorológicos, seja em micro ou macro escala", acrescenta o especialista."
“Por ser um projeto que emite ondas na ionosfera, as pessoas tentam criar essa ligação, muito remota, de que seria possível influenciar o clima em grande escala”, avalia Enio Pereira de Souza, professor da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande).
E é justamente assim que as teorias da conspiração são construídas: juntando elementos difusos e tentando dar sentido a eles", completa."
A razão das inundações no Rio Grande do Sul
Fonte: BBC