Corretores da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 afirmaram que, no último sábado (23), foram orientados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a descontar nota de quem:
usou repertórios socioculturais “forçados” e sem ligação com o contexto (como menções a autores ou a livros que nada tinham a ver com o tema);
copiou ou memorizou modelos pré-prontos de texto e acabou produzindo uma dissertação com ideias desconexas.
Ao g1, sob condição de anonimato, membros da banca em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro relataram que, durante treinamentos presenciais oferecidos no sábado (23), o Inep foi categórico ao pedir que todos “fiquem de olho” nesses “truques” usados pelos alunos.
Em nota ao g1, o Inep não detalhou os pontos citados pelos corretores e não apontou como foi a orientação passada aos colaboradores, mas ressaltou que “todos os fatos, informações e citações apresentados no texto devem, necessariamente, estar vinculados à discussão proposta no projeto de texto”.
Mas é preciso dizer que tais regras, embora não sejam mencionadas explicitamente no documento oficial sobre os critérios de correção, caminham no mesmo sentido de outras exigências do Inep, como a necessidade de coerência e de uso apropriado de referenciais teóricos.
“Pediram que a gente tenha atenção redobrada no que chamaram de ‘repertórios de bolso’, para verificar se realmente [as citações] estão sendo usadas de maneira produtiva”, disse uma das corretoras.
Outro professor, também membro da banca, afirmou que haverá, de fato, uma penalização a quem cometer essas práticas.
"Quando o repertório é genérico, que é o que acontece de um modo geral, os alunos, numa forçação de barra, dão um jeito de justificar [o uso dele]. Isso não vai mais ser aceito”, informou.