Lançada na última quinta-feira (29) nos cinemas brasileiros, a animação Ruby Marinho - Monstro Adolescente traz Agatha Paulita e Giovanna Lancellotti como as vozes da kraken Ruby e da sereia Chelsea, respectivamente. Suas espécies são inimigas mortais, mas as duas fazem uma inesperada amizade que rende várias reviravoltas. Para a atriz de Segundo Sol (2018), dublar o filme lhe trouxe uma oportunidade que ela jamais teria em uma novela.
É que, como Chelsea passa por algumas mudanças no decorrer da história, Giovanna pôde se preparar para cada uma delas com antecedência. “Como eram diferenças bem gritantes de registro de voz, eu tentei forçar um pouco mais para o doce, para o agudo, no início, e depois ir mais para o outro lado”, conta ela em conversa exclusiva com o Notícias da TV.
“Já numa novela, eu nunca saberia [antes], porque é uma obra aberta. Então, eu faria de um jeito e depois teria que me transformar muito mais, para deixar com aquele final”, ressalta ela, que tinha o roteiro completo de Ruby Marinho na mão para antecipar todas as transformações da sereia.
Agatha Paulita, veterana na dublagem que tem no currículo ícones como a Audrey (Sarah Jeffery) da franquia Descendentes e Violetta (Martina Stoessel) na novela homônima, também tomou cuidados especiais para dublar os diferentes momentos de Ruby ao longo do filme.
“No caso dela, tem muito a ver com coragem, né? Quando ela se aceita como kraken, entende a força e o poder que tem, a Ruby fica mais confiante. Então foi legal transitar por isso: ela humana é mais para dentro, fechada; quando vai para debaixo d’água se solta, fala mais alto. Não mudei a minha voz, mas a interpretação com certeza foi baseada nessa confiança e coragem”, explica.
As duas personagens parecem opostos completos: Ruby é fechada e nerd, Chelsea é popular e aparecida. Giovanna conta que, na adolescência, ficava bem no meio do caminho entre as duas. “Nunca fui tímida, era extrovertida, brincalhona, amiga de todo mundo. Só que eu também tive meus momentos de fragilidade, em um ponto ou outro. Mas eu não era introspectiva, acho que eu sempre fui mais cara de pau mesmo (risos)”, lembra a atriz.
Já Agatha começou Ruby e depois ficou mais Chelsea. “Na pré-adolescência eu era bem para dentro, insegura, com medo de falar, de me expor. Minha mãe foi uma peça essencial para falar: ‘Não, filha, vai lá e faz acontecer. Se alguém te zoar, diga que você é excêntrica’. Aí eu falava isso, e a galera ficava ‘nossa, ela é excêntrica’. Nem sabia o que significava (risos). Mas foi legal porque me deu confiança, botei para fora e fui ser feliz, sem medo do julgamento.”
Desafios da dublagem
Acostumada a trabalhar em sets lotados, tanto com outros atores quanto com o pessoal de bastidores, Giovanna se surpreendeu com o fato de a dublagem ser um processo mais individual --tradicionalmente, o ator tem apenas o diretor e um técnico na cabine. Em Ruby Marinho, ela contou com a parceria de Wendel Bezerra (mais conhecido como a voz do Goku e do Bob Esponja).
“Para mim não foi um processo tão solitário porque eu ficava perguntando: ‘Wendel, ficou bom isso?’, ‘Wendel, você não acha que eu tenho que fazer mais doce?’ (risos). Ele ia me dando muitos toques, e eu troquei muito com ele, a gente acabou se falando o tempo todo”, diz ela, que já havia dublado uma participação em WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018).
“Mas, de fato, é muito diferente de um set, né? Porque você está com outros atores, tem a luz e tal. [Na dublagem,] Você não fica preocupada com outras coisas. Porque no set geralmente você tem várias minipreocupações. Ali você está focada, olhando para um ponto, e ‘só’ precisa encaixar aquilo de uma forma que caiba o texto, que a sua voz funcione. Por um lado é mais simples, por outro é mais complexo, né? Então tem essa balança aí.”
Ruby Marinho - Monstro Adolescente já está em cartaz nos cinemas. Na versão original, as vozes de Ruby e Chelsea são de Lana Condor (da franquia Para Todos os Garotos) e Annie Murphy (de Schitt’s Creek). Veja o trailer: