E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
[João Cabral de Melo Neto]
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
[João Cabral de Melo Neto]
cabral e drummond são muito bons, que sorte ter os poemas que eles escreveram.
mas cabral segue uma tradição muito mais formal, mesmo. morte e vida severina literalmente mudou tudo pra poesia brasileira.
de qualquer forma, drummond escreveu coisas maravilhosas:
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Eu acho eles junto com o Vinicius de Moraes a tríplice brasileira da poesia
eu amo o manuel bandeira, o poeta do cotidiano <3
mas temos ótimos poetas na nossa literatura, inclusive em atividade
a ana martins marques é uma força da natureza, conhece? aqui tem alguns poemas selecionados dela: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3454395/mod_resource/content/1/Poemas%20de%20Ana%20Martins%20Marques.pdf
Nossa eu amei demais, que talento
ele já tinha pensamento de gay de fórum
Camoes maior poeta de língua portuguesa e Augusto dos Anos o maior no português do Brasil. O resto é resto…
Quando eu te vi no portão
De trancinha, tamanco e vestido azul
Logo latejou o meu pau
E ali logo vi que piscou o seu cu
Puxei sua calcinha de lado
E dei três cuspidas pro meu pau entrar
Então eu fiquei assustado
Porque vi que você só queria mamar
Eu fico maravilhado com o esquema de rima cruzada nos últimos quatro versos
old que seria tópico do @Jackinho
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Que tópico gostoso em plena noitinha de domingo
Oxi, comentei no lugar errado, era pra ir no tópico do only do Gustavo
João Cabral icônico