O DINAMARQUÊS QUE NOS DEIXOU LOUCAS…NA NETFLIX
Christopher, um fenômeno como cantor na Dinamarca e na Ásia, acaba de protagonizar seu primeiro filme “Uma Linda Vida” (Netflix). Comprovamos pessoalmente que ele tem tudo: simpatia, beleza, humor e talento. TUDO. E em outubro ele vem tocar na Espanha.
O cantor dinamarquês chegou de Copenhaguen direto a Madrid, pela primeira vez, para apresentar a banda sonora do filme “Uma Linda Vida” e nos conquistou por sua proximidade e boas vibrações. Nos confessou que nunca na vida tinha passado tanto calor (risos), mas estava entusiasmado em poder tocar em outubro no nosso país, com a banda sonora do seu primeiro trabalho como ator, que ele compôs com exclusividade. Você vai gostar.
Modestia, talento, espirito empreendedor e um sorriso. É assim que você se definiria?
São algumas palavras que eu usaria para me definir, claro, mas se eu pudesse me colocar uma etiqueta, seria artista: adoro criar música, compor e estar no palco… e a outra metade da minha vida é ser homem de família. Sou pai de duas meninas e estou casado, esses são os dois polos da minha vida: ser artista e um homem de família.
Por quê você escreve e canta em inglês? Para chegar em mais pessoas?
Essa é sem dúvida, a razão principal, ver como minha música viaja e cruza fronteiras. Passamos muito tempo na ÁSia, na China e Coréia do Sul, e também na Alemanha e todo o resto da Escandinávia…Com isso você se dá conta de que a música não tem fronteiras, ver como a música viaja e como as pessoas de todo o mundo se conectam com ela, é uma das coisas mais satisfatórias.
Tem alguma música em dinamarquês?
Tenho algumas, mas sobretudo por diversão. Participei de um programa noturno de entrevistas, como se fosse o Jimmy Fallon da Dinamarca, e compus uma canção em dinamarquês que se chama “First Like”, e foi escrita a partir de todos os comentários que fazem nas redes sociais, tanto positivos como negativos. Foi muito divertido, uma música que fez sucesso na Dinamarca, e sigo tocando ela, mas acredito que isso é tudo.
Você compõe para você ou para as pessoas?
Para ambos, mas faz muitos anos que me dei conta de que, para que minha música se conecte com o maior número de pessoas possíveis, que é o meu objetivo final, tenho que comprometer minha integridade artística em muitos aspectos, porque há certas regras na música pop: as músicas não podem durar 10 minutos, tem que ser viciantes, tem que ser divertidas, com energia, ter algo que realmente se conecte com as pessoas… Então não faço só para mim, eu faço porque quero que as pessoas aplaudam, cantem, quero ver seus sorrisos e quero que minha música se conecte com elas. As vezes escrevo só para mim, como terapia, mas com a intenção de que as pessoas escutem essas músicas.
“Uma Linda Vida” que acaba de estreiar na Netflix, não é uma autobiografia, sua vida não é tão dramática?
Não não. Ainda que tenha algumas semelhanças entre minha história e minha viagem musical. O nome do meu personagem no filme é Elliot, que teve uma vida um pouco mais dramática, cresceu sem seus pais… Eu cresci em uma núcleo familiar completo, com meus pais e meu irmão mais novo e sem traumas familiares, por isso somos muito diferentes. Conhecemos Elliot no filme, em um momento que se encontra perdido, desconectado do mundo, sem um objetivo real na sua vida, e então descobre a música. Quando começa a sua viagem musical, é quando Christopher se revela no Elliot. A forma que ele rompe o mundo da música por exemplo, tem uma música que se torna viral no Youtube, isso aconteceu comigo na Dinamarca, coloquei uma música no Youtube e explodiu da noite para o dia.
O que foi mais foi difícil em fazer um filme?
Interpretar. Não tenho experiência como ator, esse é meu primeiro trabalho como protagonista, então chorar em cena foi difícil, ou então as cenas em que estou muito irritado, eu nem lembro a última vez que me irritei tanto na minha vida, gritando tanto… Encontrar essas emoções e fazer esse papel, me submergir nele e me transformar no Elliot, foi sem dúvida a parte mais difícil.
O melhor é o pior desses 13 anos no meio musical?
O melhor é ver minha música viajar e tocar ao vivo em todos os continentes do mundo. O pior? Ficar longe da minha família. Tenho uma filha de dois meses (Cecillie) e outra de dois anos (Noelle), encontrar o equilíbrio entre estar em tour pelo mundo e sentir falta das minhas filhas é muito difícil. Quando você tem filhos, a parte ruim é que diante de todas as alegrias, você sempre está perdendo algo. Me lembro de cinco anos atrás, quando estava em tour, era a melhor coisa pra mim, não tinha nenhum inconveniente e eu voltava para a casa e dizia: “Tudo segue igual”. Mas agora, quando volto para a casa depois da tour, depois de alguns meses, eu digo: “Caramba, ela já está andando” e sei que perdi algo importante que não vai voltar mais. Há que pagar um preço por estar fora, e isso é o pior de tudo: estou perdendo momentos muito valiosos e uma etapa de suas vidas que provavelmente nunca vou voltar a viver.
Talvez seu melhor papel seja o de ser pai?
Sim, definitivamente é ser pai. Isso muda completamente a vida de todo mundo, mas a forma que mudou minha vida, que sou um artista há 13 anos e sempre fui a pessoa mais importante da minha vida, e todo mundo ao meu redor estava trabalhando para mim, e era apenas eu, eu, eu… E de repente você tem um filho, e se dá conta de que não se trata de mim, se trata deles, e já não é a pessoa mais importante, essa foi uma grande mudança, realmente eu precisava disso na minha vida, e agora eu amo ser pai, é genial.
Se tivesse que escolher uma música da sua carreira para apresentar a um novo mercado, qual seria?
Acredito que seria “A Beautiful Life”, não apenas porque é uma grande música, mas também porque reflete em certo modo no momento que me encontro atualmente, quando minha mulher me disse que estava grávida e toda minha vida muda ao saber que estou entrando em um novo campo. E também é o tipo de música, que as pessoas entendem a letra e se conectam com ela, com sorte é uma música que os fará chorar ou sentir nostalgia, pensar e refletir sobre sua própria vida e poderão tirar algo dessa música, então acho que é uma boa música para apresentar para as pessoas.
Essa tour europeia está acontecendo pela influência do filme?
Sim, essa é uma das razões principais. Fiz alguns shows pela Europa antes do COVID, e toquei em Paris, Amsterdam, Alemanha…mas depois de “Uma Linda Vida” senti como se acontecesse algo diferente, estão chegando oportunidades de todo o mundo, e agora estou aqui, na Espanha, pela primeira vez e acabo de anunciar meus primeiros shows em Barcelona, e isso é graças ao filme, que abriu muitas portas: foi número um em muitos países e tem mais de 200 milhões de espectadores… É muita exposição, muitas pessoas, milhões de pessoas, isso muda tudo.
Em quais países você se sente mais a vontade? Eu vi que na Ásia você despertou paixões… É curioso por ser uma cultura tão diferente.
Sim, é um choque cultural estar na China, é tão diferente…
Você sabe o por quê?
É o cabelo loiro e os olhos azuis (risos). Acredito que sim, sem dúvida tem algo a ver com o que é exótico pra eles. Mas há algo sobre a Dinamarca, o país dos contos de fadas, e a história que tem com a música pop, temos algumas bandas dinamarquesas que eram grandes na Ásia historicamente. Para mim tudo começou na China e logo cresceu em Taiwan, Indonesia, Hong Kong e Coreia do Sul, agora me sinto como o Justin Bieber. Quando chegamos lá tudo era um fenônemo, as pessoas sabem todas as minhas músicas e já fiz shows para 15 mil pessoas em um grande estádio e é simplesmente incrível ver como a minha música viaja dessa maneira com pessoas com culturas tão diferentes. Mas nos conectamos. São as mesmas mensagens, afinal: falo de amor, felicidade, boas energias e boas vibrações, e isso é igual em todo o mundo, é fantástico.
Vi nas redes sociais que não tem nenhum mulher na sua equipe. Por quê?"
Sim, tem mulheres na minha equipe da Warner Music, só na minha banda que não. Toco com os mesmos caras durante 10 anos e é algo natural pra mim. Estou rodeado de mulheres em casa, tenho uma esposa e duas filhas, me encanta as mulheres, passo muito tempo com elas. Mas o ônibus da tour é como passar um tempo com meus irmãos, compartilhar esses momentos com a minha segunda família, que são meus garotos, é quase como estar em um exército e dizer “Eu te dou cobertura”. Eu olho eles e penso que compartilhamos esses momentos especiais juntos e podemos falar de tudo, qualquer coisa. Eu costumava ter duas cantoras no backing vocal, e agora são dois homens, não fiz isso conscientemente, apenas aconteceu, mas eu amo minha equipe.
O que te deu a fama que não tinha antes?
Sorrisos… Algo acontece quando se torna famoso, obtém a melhor versão de todo mundo: tudo é possível, sim, claro, siga, pule a file… Ser tratado como uma pessoa famosa faz tudo ser mais fácil, e eu não vou mentir, é muito legal. Mas o outro lado da moeda de ser famoso é que não necessariamente você tem a versão real de todo mundo ao seu redor, as pessoas podem ser muito superficiais e muito falsas se querem algo de você. Isso pode ser muito difícil, mas a fama é parte da minha vida durante os últimos dez anos e eu aprendi a surfar nela e manter meus pés no chão. No começo eu sofri para lidar com coisas negativas, quando as pessoas dizem que te odeiam… e nada é verdade. A única coisa que importa são as pessoas que estão com você, que te conhece, que te conhecia antes de ser famoso e é o que me ajuda a manter meus pés na terra, tem sido minha âncora, assim mantenho meus amigos íntimos e minha família muito perto, e essas são as pessoas que eu escuto.
Se pudesse fazer uma parceria com outro artista, um artista internacional, quem seria?
Rihanna (risos). Beyoncé, Bruno Mars, Ed Sheeran, John Mayer, a lista é interminável, há vários artistas que eu adoraria trabalhar.