Netflix admite uso de inteligência artificial generativa em série para “reduzir custos”
Segundo o co-CEO do streaming, a produção foi o primeiro título da Netflix a utilizar tomadas totalmente geradas por IA na versão final exibida ao público.
A Netflix admitiu que utilizou inteligência artificial generativa na série O Eternauta, adaptação argentina de um clássico dos quadrinhos de ficção científica; e o motivo, segundo a própria empresa, foi reduzir custos. O anúncio foi feito por Ted Sarandos, co-CEO da gigante do streaming, durante a divulgação dos resultados trimestrais da companhia, na última quinta-feira, 18 de julho.
Segundo Sarandos, O Eternaut é o primeiro título da Netflix a utilizar tomadas totalmente geradas por IA na versão final exibida ao público. Uma das cenas, que mostra o colapso de um prédio em Buenos Aires, foi criada com tecnologia generativa, algo que, de acordo com ele, seria inviável financeiramente se feito com os efeitos visuais tradicionais.
“Aquela sequência foi finalizada dez vezes mais rápido do que seria com ferramentas e fluxos de trabalho convencionais de VFX”, afirmou o executivo. Sarandos ainda disse que os criadores, a empresa e o público ficaram “entusiasmados” com o resultado. “Essas ferramentas estão ajudando os criadores a expandir as possibilidades da narrativa na tela, e isso é incrivelmente empolgante”, completou.
A produção marca um passo significativo da Netflix na incorporação da inteligência artificial em seus processos criativos. A plataforma já havia testado ferramentas de IA anteriormente, como no filme Pedro Páramo, de Rodrigo Prieto, onde foram aplicadas técnicas para rejuvenescimento de personagens, algo que custou bem menos do que o mesmo recurso em O Irlandês, de Martin Scorsese.
Apesar do entusiasmo interno, a notícia provocou reações mistas entre profissionais da indústria. Muitos apontam que o uso crescente de IA, especialmente com o objetivo de economizar, pode representar uma ameaça concreta a empregos no setor criativo. Durante as greves de roteiristas e atores em 2023, o uso não regulamentado de IA foi justamente uma das principais bandeiras dos protestos.