Julio Rocha volta às novelas depois de 12 anos afastado do gênero --seu último folhetim foi Amor à Vida (2013). Em Três Graças, trama de Aguinaldo Silva em parceria com Virgílio Silva e Zé Dassilva, o ator vive Edilberto, capanga frio e cruel de Santiago Ferette (Murilo Benício). Mas o intérprete antecipa que o personagem vai muito além da obediência cega.
A relação dele com o patrão vivido por Murilo Benício é extremamente intensa. “É fio da navalha: poder, dependência e admiração. Ele precisa ser útil para existir --e isso deixa cada encontro com o Santiago elétrico, perigoso e humano”, conta Rocha ao Notícias da TV.
O ator resume para o público que Edilberto é lealdade na pele e contradição na alma. “[Ele] Observa mais do que fala, pesa cada gesto… E, quando você acha que o entendeu, ele muda o jogo.”
Para viver o capanga, o ator mergulhou na preparação: “Em estudos sobre lealdade, silêncio e sombra. O segredo é a escuta: entrar na pele dele sem julgamento”. Ele ressalta ainda a troca com Murilo Benício em cena.
“O Murilo é o Cristiano Ronaldo das novelas: a bola chega redonda. A obrigação é devolver com a mesma força. Essa troca puxa o meu melhor, cena após cena”, elogia o ator.
Transformação no visual
A transformação física também foi fundamental. “A equipe de caracterização da TV Globo é brilhante: sugeriu, testou, refinou. Decidimos juntos cabelo, barba e figurino para que o público reconheça o Edilberto antes de ele dizer uma palavra.”
O desafio, afirma o intérprete, é dar profundidade a um personagem que poderia ser apenas vilanesco. “Fazer de um capanga um homem inteiro, com dilemas, feridas e escolhas que batem no peito de quem assiste.”
As gravações começaram em julho em São Paulo, cidade natal do ator. “Alegria absurda… São Paulo é minha casa e um personagem da trama. A cidade mistura pressa e poesia, concreto e fé. Rodar ali dá textura de verdade: você sente o asfalto na sola e a história no ar”, discursa.
Retorno com propósito
Depois de construir um espaço na internet, presente para seus seguidores todos os dias, Rocha afirma que retorna ao horário mais nobre da TV com “fome boa, pés no chão e um propósito claro”, que é servir uma história grande com verdade. Se ele está ansioso? “Eu me sinto com o coração aquecido e a mente afiada”, afirma.
O reencontro com Aguinaldo Silva também pesou na decisão do ator em voltar à TV. “O Aguinaldo mudou minha rota em Duas Caras [2007]. Depois, veio Fina Estampa [2011]… Agora é como um terceiro round com mais repertório. Nesse caminho, vivi teatro [A Vida Começa aos 60], escrita pelo Virgílio Silva e pelo Aguinaldo… E a internet, e tudo me treinou para estar melhor em cena”, diz.
Rocha ainda destaca a direção da próxima novela das nove como um benefício extra em seu novo trabalho. “O Luiz Henrique Rios é diferenciado, estou impressionado com a entrega dele, com o talento. Ele tem esse olhar humano que faz a gente cavar ouro onde achava que era pedra.”
E o que o público pode esperar de Três Graças? Rocha é categórico:
Aguinaldo voltou com tudo! É folhetim com alma clássica e pulso de agora: família como porto e campo de batalha; ambição conversando com fé; segredos que custam caro. Eu volto com a energia de quem conversa diariamente com milhões no digital e levo isso para a cena: ritmo, surpresa e emoção.
A estreia de Três Graças está prevista para 20 de outubro, substituindo o remake de Vale Tudo na faixa das 21h na Globo.
