Paraíso Tropical não é a melhor novela de Gilberto Braga, mas ainda vale a reprise

Paraíso Tropical está longe de ser a melhor novela do autor Gilberto Braga (1945-2021), que assinou a trama em parceria com Ricardo Linhares. Se comparada a clássicos como Dancin’ Days (1978) e Vale Tudo (1988), o atual cartaz do Vale a Pena Ver de Novo fica devendo. Contudo, numa avaliação isolada e alheia à obra do escritor, vale a reprise.

A cena da reconciliação entre Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura), que foi ao ar na terça-feira (23), expõe o que a novela tem de melhor. Na declaração de amor, o vilão crava: “Você é a cachorra mais burra aqui desse calçadão… Porque só você não viu ainda que eu amo você também, sua cachorra, sua piranha, sua bandida!”.

Os amantes roubaram a cena quando a novela foi ao ar pela primeira vez, em 2007, e seguem sendo a grande atração do folhetim 17 anos depois. Os atores, além dos comprovados talentos, esbanjam química ao encarnar aquilo que era a especialidade do autor: criar tipos controversos, sem caráter e, por esses mesmos motivos, irresistíveis.

Essa qualidade também revela o pior defeito do texto. Os protagonistas, Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini), talvez sejam as figuras menos carismáticas de toda a novela. Bonzinhos a todo tempo, certinhos demais, é como se suas únicas características fossem ser éticos, sem qualquer falha que gere identificação ou simpatia.

O casal principal é bem menos interessante que Antenor (Tony Ramos) e Lúcia (Gloria Pires), por exemplo. O empresário tem desvios de caráter, enquanto a empreendedora é voluntariosa e desmedida em suas reações. Há ainda Joana (Fernanda Machado), que faz as vezes de mocinha paralela à trama central e se permite alguns desacertos, como trabalhar como prostituta.

Falta nos mocinhos o sangue que corre nas veias dos coadjuvantes, algo que se repetiu, em maior ou menor grau, em toda a obra de Gilberto Braga. Ressalta-se sua capacidade de criar boas personagens femininas, como a trambiqueira Marion (Vera Holtz), a dona de casa conservadora Dinorá (Isabela Garcia) e a arrivista Nely (Beth Goulart), que se redime na reta final.

A trama das gêmeas rivais soa batida – ainda mais quando reprisada ao mesmo tempo que Mulheres de Areia (1993), exibida até março. A troca de identidades entre as irmãs serve apenas para dar ritmo à narrativa e em pouco interfere no desenrolar da trama. É apenas mais um plano da Taís (Alessandra Negrini) que precede a morte misteriosa da vilã na reta final.

Dirigida por Dennis Carvalho, Paraíso Tropical demora alguns meses a engrenar e, não por acaso, tem seus melhores momentos quando Daniel e Paula deixam de ser o foco principal. Um dos melhores entrechos é quando Bebel decide arruinar o casamento de Olavo, fazendo o amante ser flagrado traindo a noiva no dia da cerimônia.

O desfecho da novela tem um dos melhores plot twists da história recente da TV brasileira. A identidade do assassino de Taís não é lá tão surpreendente, mas o motivo do crime, que envolve um grande segredo, garante o impacto do gran finale.

Tipos como Taís, mas principalmente Bebel e Olavo, continuam sendo o grande trunfo da novela, que se firma nas qualidades habituais do universo criativo do autor, dos vilões charmosos às tramas de suspense imbricadas. A reprise, surpreendente e repentina após quase 20 anos da exibição original, mostra que até as mais medianas das criações de Gilberto Braga ainda merecem uma atenção.

A reprise de Paraíso Tropical termina em 3 de maio no Vale a Pena Ver de Novo, nas tardes da Globo. A trama será substituída por Alma Gêmea (2005), que volta ao ar na próxima segunda-feira, 29 de abril.

mico demais essa reta final sem a tais com essa forçação de olavo grande vilão

deveriam ter matado a diva mais perto do fim, a melhor fase foi durante a troca das gemeas

Paraíso Tropical valia uma reprise decente, mas essa atual tá toda retalhada, sem contar que passaram a tesoura para entrar com Alma Gêmea logo. Deveriam ter reprisado no Viva ou no GNT.

Não passa nem perto das melhores dele mas tem seu charme. O elenco é ótimo, alguns plots são interessantes, ainda tinha a grife do Giba bem marcada na ambientação e na trilha sonora (que rendeu alguns hits em 2007).

O problema é que ela foi bem no Viva (um canal cada vez mais nichado de um público que sempre adorou novelas do Gilberto) e acreditaram que ela ainda tinha potencial pra VPVN. Não adianta, não tem. Não foi tão marcante assim e já tá velha demais da conta.