15 de fevereiro de 2024
MOSCOU (AP) — O presidente russo Vladimir Putin disse que a Rússia prefere ver o presidente dos EUA Joe Biden ser reeleito, descrevendo-o como mais experiente e previsível do que Donald Trump — embora Moscou discorde fortemente das políticas do atual governo.
Os comentários de Putin durante uma entrevista com a televisão estatal russa na quarta-feira foram os seus primeiros sobre a eleição presidencial que está por vir nos EUA, onde provavelmente Biden disputará com Trump. Seus comentários surgem num momento de tensão crescente entre a Rússia e o Ocidente — e de profundos desentendimentos nos EUA sobre a melhor forma de combater a Rússia e ajudar a Ucrânia, que está combatendo as forças de Moscou.
“Biden tem mais experiência, é mais previsível, ele é um político de formação tradicional,” disse Putin ao ser perguntado qual candidato seria melhor para a Rússia. “Mas nós trabalharemos com qualquer líder no qual o povo dos EUA confiar.”
Os comentários foram raros elogios a Biden, um crítico feroz do líder russo que frequentemente elogia Trump. Durante um comício na noite de quarta-feira, Trump pareceu abraçar as críticas de Putin ao dizer: “Putin não é meu fã.”
E Putin de fato referiu-se às suas divergências com Biden.
“Acredito que a posição do atual governo é gravemente falha e errada, e disse isso ao presidente Biden”, disse ele.
Putin afirmou que enviou tropas para a Ucrânia para proteger os falantes de russo e para evitar uma ameaça à segurança da Rússia representada pela tentativa da Ucrânia de aderir à aliança da OTAN. A Ucrânia e os seus aliados ocidentais denunciaram a ação de Moscou como um ato de agressão não provocado. Vários países da OTAN, principalmente os EUA sob a liderança de Biden, enviaram armas a Kiev e outra ajuda militar para se defenderem do ataque russo.
Entretanto, Trump questionou recentemente o financiamento dos EUA à Ucrânia e disse que uma vez avisou que permitiria que a Rússia fizesse o que quisesse com os países membros da OTAN que “falhassem” em investir na sua própria defesa. Esses comentários chocaram toda a Europa, onde alguns líderes estão se preparando para um momento em que os EUA não desempenhem o papel central na OTAN que desempenham agora.
A declaração de Trump contrastou fortemente com a promessa de Biden “de defender cada centímetro do território da OTAN”. Biden acusou Trump na terça-feira de ter “se curvado diante de um ditador russo”.
Na entrevista, Putin descreveu a OTAN como uma “ferramenta de política externa dos EUA”, acrescentando que “se os EUA pensam que não precisam mais desta ferramenta, cabe a eles decidir”.
Questionado sobre as especulações sobre as questões de saúde de Biden, Putin respondeu: “não sou médico e não considero apropriado comentar sobre isso”. Ele acrescentou que Biden parecia em boa forma quando os dois líderes se encontraram na Suíça, em junho de 2021.
A equipe de Biden tem trabalhado para aliviar as preocupações dos democratas sobre os alarmes levantados por um conselheiro especial sobre a idade e a memória de Biden. Eles vieram em um relatório determinando que Biden não seria acusado de qualquer atividade criminosa por possuir documentos confidenciais enquanto cidadão comum.
Questionado sobre suas impressões da entrevista feita na última semana com o ex-âncora da Fox News, Tucker Carlson, Putin disse que esperava mais agressividade de Carlson. Putin usou a entrevista para promover sua visão sobre a guerra na Ucrânia, incitar Washington a reconhecer os interesses de Moscou e pressionar Kiev a sentar-se para um diálogo.
Carlson não questionou Putin sobre crimes de guerra dos quais as tropas russas foram acusadas na Ucrânia, ou sobre sua implacável repressão aos dissidentes.
“Eu esperava que ele fosse mais agressivo e perguntasse as tais perguntas difíceis, embora eu não estivesse pronto pra isso, mas queria que fosse assim porque isso teria me dado uma chance de responder à altura,” disse Putin.