A semana de 4 dias tem sido pauta em diferentes empresas pelo mundo. Aqui mesmo no Brasil, diversas empresas já testam a possibilidade – com resultados bastante positivos. Agora, um estudo encomendado pelo governo de Portugal, reforça os resultados positivos de um fim de semana maior.
O projeto-piloto revelou que existem benefícios para a saúde mental dos trabalhadores sem perda financeira para as empresas.
“A grande preocupação era saber se é benéfico para as empresas, e verificamos que estas mantêm os lucros”, disse Rita Fontinha, uma das investigadoras do projeto, à SIC Notícias. “Passa por manter o mesmo salário, manter as mesmas condições, mas reduzir o horário de trabalho e, neste caso, a maior parte para 32 horas ou de 40 para 36 horas”, acrescentou.
Quarenta e uma empresas participaram do projeto e o resultado foi tão positivo que 80% delas disseram que manterão o modelo, pois notaram uma melhora no ambiente de trabalho, menos estresse e menos faltas ao trabalho. A maioria das empresas também disse não ter tido danos financeiros durante o período do projeto.
“Apenas uma minoria das empresas manteve a sexta-feira como o dia de folga, muitas tiveram equipes que se alternavam entre sexta e segunda, ou outras, existia uma escala intercalada entre os trabalhadores”, explicou a investigadora.
A sexta-feira será o novo sábado?
Segundo a investigadora, ainda é cedo para dizer isso. Afinal, diversos setores como educação, indústria e outros podem precisar de mais funcionários, embora o projeto indique que a menor quantidade de horas trabalhadas por semana seja, de fato, ajude a manter mais trabalhadores.
“A ideia da sexta-feira ser o novo sábado é ainda muito remota. Nesta fase, estamos num momento em que a semana funciona normalmente com cinco dias ou em outros setores 24 horas, 7 dias por semana. Portanto é necessário que haja sistemas de turnos, rotativos, para que depois todas as pessoas se beneficiem de uma redução de horas e de um tempo livre extra, que permita todos terem um melhor balanço entre a vida pessoal e a vida profissional”, disse Fontinha.
Outro dado que chamou a atenção de Fontinha foi que a redução da jornada de trabalho acaba sendo mais vantajosa para as mulheres, além de funcionários com salários menores.
“Pensamos, inicialmente, que seria mais para uma elite, mas não. Como esta elite, geralmente, tem mais acesso a trabalho flexível e maior autonomia na gestão do dia de trabalho, então, na verdade, aqueles que recebem menos e que têm um trabalho mais presencial atribuem maior valor à semana de quatro dias”, explicou Fontinha.
Por fim, o relatório indica que para a semana de quatro dias se tornar o padrão e ser completamente implementada em Portugal seria necessário, pelo menos, 10 anos.
