Tay O'hanna fala da estreia da última temporada de ‘As Five’ e de representatividade

Tay O’hanna voltou ao ar na última temporada de “As Five”, que acaba de estrear no Globoplay. Na trama, interpreta Maura, que vive um relacionamento intenso com Lica (Manoela Aliperti).

— Nos novos episódios, esse romance tem um desfecho muito interessante. Está sendo o fechamento de um ciclo para mim. Estive em duas temporadas da série, e foi um longo caminho, de muito aprendizado e amadurecimento. Criamos uma grande amizade dentro do set de gravações.

A série foi a segunda produção do Globoplay de sua carreira (a anterior foi “Segunda chamada”). Tay, que se identifica como uma pessoa trans não binária, diz que estar no ar num trabalho de sucesso é de suma importância em termos de representatividade:

— Sou uma pessoa trans não binária e preta dentro de um universo muito diverso. Então, não existe só a minha representatividade. Existem várias. E quando a gente traz pluralidades e diversidades, precisamos falar tanto na forma de empregabilidade e visibilidade e em todas as áreas que permeiam a nossa existência. Abordar isso no segmento do audiovisual é importante para que a gente normalize e leve conhecimento para pessoas que ainda se encontram num universo muito binário, numa sociedade que diz que só existe homem e mulher, enquanto, na verdade, existem vários outros gêneros e expressões de ser e estar no mundo.

O desconhecimento, acrescenta, provoca o preconceito, algo com que precisa lidar no dia a dia:

— O tempo todo eu sou invisibilizado pelo fato, por exemplo, de não representar o que muitas vezes é esperado pela masculinidade ou até mesmo pela feminilidade. A gente ainda é muito ignorante neste sentido. A nossa linguagem também é muito falha, porque ela é muito binária. Isso é um problema. Eu digo sempre: pergunte como as pessoas gostariam de ser chamadas. Como elas se sentem confortáveis.

Atualmente, Tay se dedica ao teatro, com o espetáculo “Na palma da mão”, em que vive a sambista Leci Brandão:

— Vamos rodar pelo Brasil com a peça. Está muito lindo. É muito emocionante contar a história dessa matriarca do samba. Tivemos indicações a prêmios importantes e a repercussão tem sido ótima.

No ano passado, Tay conciliou a carreira artística com a experiência de se tornar chef de um bistrô em Botafogo, na Zona Sul do Rio:

— Eu tive uma vida profissional muito grande dentro de restaurantes quando vivia em São Paulo. Aí tive esse rompante no ano passado. O bistrô ainda existe, e os pratos são da minha autoria, mas acabei me afastando da função. É uma atividade que exige tempo e dedicação. Estava ficando difícil de conciliar.

Tay, que começou um relacionamento com a atriz Thalita Carauta em 2020, evita falar sobre o assunto:

— Prefiro pular esta pergunta.

https://oglobo.globo.com/play/entrevistas/noticia/2024/03/04/tay-ohanna-fala-da-estreia-da-ultima-temporada-de-as-five-e-de-representatividade-sou-uma-pessoa-trans-nao-binaria.ghtml