Após mais de três meses mantidos reféns como vítimas de tráfico humano e submetidos a torturas em Mianmar, os brasileiros Luckas Viana dos Santos, 31, e Phelipe de Moura Ferreira, 26, foram resgatados, informaram familiares.
O que aconteceu
Brasileiros fugiram no último sábado e foram resgatados na segunda-feira (10) por grupo armado. Segundo familiares dos dois, eles conseguiram escapar do local onde eram mantidos reféns junto a um grupo de centenas de estrangeiros, também vítimas de tráfico humano em Mianmar. Após a fuga, eles foram encontrados por agentes do DKBA (Exército Democrático Karen Budista), grupo armado de rebeldes dissidentes das Forças Armadas de Mianmar, que vive de Mianmar, que vive sob regime ditatorial militar há quatro anos e é dominada por milícias armadas pró e contra o governo.
Brasileiro se comunicou com o pai antes da fuga. Em mensagem enviada no sábado de um número desconhecido, Phelipe informou ao pai, Antonio Calos Ferreira, que tentaria fugir. “Vamos tentar daqui a pouco. (…) Se acontecer algo comigo saiba que eu tentei ao máximo”, escreveu.
Resgatados foram levados a centro de detenção local. Os brasileiros conseguiram se comunicar com seus familiares da prisão, de onde ainda aguardam serem transferidos à Tailândia com o auxílio de uma organização civil internacional de combate ao tráfico humano. A The Exodus Road confirmou a fuga dos brasileiros e de outros 368 estrangeiros de 21 países.
Resgate não teve apoio do Ministério das Relações Exteriores e embaixada brasileira, segundo familiares:
O mérito do resgate foi todo da ONG [Exodus]. A embaixada [brasileira] só ficou aguardando a boa vontade das autoridades de Mianmar, que não iam fazer nada. Já sabiam onde eles estavam e tinham que ter pressionado mais, mas não fizeram nada. Quem pressionou foi a ONG.
Antonio, pai de Phelipe.
A gente avisou a embaixada do Brasil que eles iam fugir, para ficarem atentos, e nada até agora. Eles não têm passaporte nem nada e devem ficar presos na Tailândia até comprovarem que realmente foram vítimas de tráfico humano. Só que o Brasil já poderia ter entrado para enviar todas as documentações que provam isso, mas ainda não fizeram.
Ana Paula, prima de Luckas
Fonte: Tráfico humano: Brasileiros são resgatados após meses de tortura